Ezequiel 16 é uma parábola ou alegoria
e está cheia de figuras emprestadas para o enredo central do romance que é ali
contado.
A parábola do romance de Yahweh com
Jerusalém segue padrões da Palestina pré-patriarcal. Muitas figuras que são
usadas não refletem uma realidade que Yahweh idealizava para o seu povo, mas
que eles viviam por escolha própria e o profeta se utiliza dessa imagística.
Por que o profeta se utilizaria de
imagens e figuras pagãs? Para alcançar o povo comum.
As evidências das figuras emprestadas
começam com as seguintes referências: “a tua origem e o teu nascimento procedem
da terra dos cananeus”, que indicam uma origem espiritualizada e não
propriamente étnica.
O povo de Israel
não havia surgido de canaã, eles eram imigrantes da caldéia.
Outra referência: ”Teu pai era amorreu,
e a tua mãe hetéia.” v1, colocariam Jerusalém como de origem genética de
amorreus e dos Hititas, no entanto o povo de Israel e os Judeus eram de origem
genética dos caldeus; Abraão e Sara eram caldeus e não houve casamentos
ilícitos entre os patriarcas e outras nações.
Sendo assim a parábola segue padrões
que não são literais, mas alegóricos.
Se lermos a parábola de forma literal
entenderemos que Israel era de origem dos amorreus e hititas, mas não é assim.
O que está acontecendo então? O profeta está escrevendo uma alegoria e empresta
figuras e imagens pagãs. Yahweh está dizendo, ‘vocês parecem que vieram dos
amorreus, dos hititas; se ornam como eles, vivem como eles e se parecem como
eles’.
Sendo assim ‘os enfeites’ aqui são
símbolos da realidade dos povos cananitas e dos hábitos correntes entre eles,
dos quais na parábola, a ‘jovem Jerusalém’ é retirada.
Yahweh dá jóias a uma jovem [v.12 e13] a ser desposada na parábola, mas o romance não indica propriamente o que Yahweh autorizava aos crentes da época.
Estabelecer que Yahweh tratou assim a
sua ‘esposa espiritual’ [Jerusalém] é o mesmo que afirmar que podemos nos
permitir da poligamia. Pois a figura aqui na parábola é de um rei [v.13] que
encontra um bebê rejeitado, adota essa criança, educa e a prepara para ser uma
mulher de seu harém [“e subiste até a realeza” v13]. Essa é a figura aqui
representada na alegoria, e que se fazia muito comum em Canaã, onde reis de
idade avançada desposavam virgens em seu harém.
Os padrões desta parábola são os mesmos
daquela contada por Jesus sobre ‘O rico e Lázaro’ [Lc 16.19]; Jesus contou uma
parábola de origem pagã [crença na imortalidade da alma] para chamar a atenção
de saduceus que não criam na ressurreição, sendo que o objetivo da parábola era
ensinar sobre o ‘amor ao próximo’.
O mesmo ocorre com a parábola de
Ezequiel 16. Ezequiel se utilizou de figuras e hábitos pagãos para chamar a
tenção do povo e alcança-los onde estavam [em apostasia]. Mas a imagística das
duas parábolas não justificam a crença na imortalidade da alma [Lc 16] e nem no
uso de ornamentos e poligamia [Ez 16].
Ao contrário de Ezequiel 16, O rico e lázaro, narra o que verdadeiramente acontece depois da vida aqui neste mundo, qualquer esforço para torcer contra , não combina, não produz coerência, fica fora de muitos contextos, é que o ser humano em sua visão baixa, não tem a mínima ideia de como o mundo espiritual é diferente do que os olhos da carne aqui hoje estão enxergando, por isso na ótica humana fica mais fácil dizer que tudo é simbólico ainda por cima mal interpretar os supostos "símbolos" que decide fragmentar, através de estudos falaciosos e tendentes à uma linha de pensamento benquista por uma ou mais das religiões seculares que temos. "Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido"
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