A ALIANÇA DE DEUS COM OS HUMANOS

A Aliança Eterna foi estabelecida em Gn 3 vs15 e 21, baseada no Descendente que viria de Eva; esse Descendente desfaria a aliança que os humanos procuraram com o Dragão, a antiga serpente que se chama Diabo e Satanás (Ap 12:9). A palavra "alaiança" aparece 26 vezes no Gênesis, sendo a primeira menção em Gn 6 v18.

Foi no Gênesis que essa aliança Eterna foi estabelecida pela 1ª vez e foi baseada no sangue de um cordeiro (Gn 3 v21) cordeiro que também vestiu Adão e Eva, simbolizando o princípio da justiça pela fé, no Cordeiro de Deus, Jesus (Ev de João cap.3 v29).

O Livro da Aliança

No Livro do Êxodo a palavra a alainaç se dimensiona. O Nome desse livro em hebraico é שְׁמוֹת (Shemot), que significa "Nomes". Esse título vem da primeira palavra do livro no texto hebraico original. O Significado mais contextualizado é que shemot  ou Nomes, se Refere à lista dos nomes dos filhos de Jacó (Israel) feita nos primeiros versos; é uma lista dos que desceram ao Egito, marcando a transição do Gênesis para o Êxodo.

É no grego ξοδος, que Êxodo tem o sentido de "saída". O título em português vem da tradução grega da Bíblia (Septuaginta) e destaca o evento central do livro: a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito. Sendo assim, para os hebreus o nome desse livro é Shemot; e para os estrangeiros, a partir do NT, chamaram de êxodos. Em Hebraico (Shemot) tem o Foco na identidade do povo de Israel (os "nomes").

Mas se pudéssemos resumir o livro de Shemot ou Êxodo em uma palavra seria Aliança. Essa palavra aparece 13x nesse livro. A palavra "aliança" (בְּרִית, berit) em Êxodo 2:24 aparece em um contexto teológico fundamental no livro de Shemot (Êxodo). O versículo declara que Deus "ouviu o gemido" dos israelitas e "lembrou-se da sua aliança com Abraão, Isaque e Jacó". Essa menção não é casual, mas estabelece a base para o desenvolvimento do tema da aliança em todo o livro do Êxodo. No capítulo 24 vs7-8 contém duas menções explícitas, incluindo o "sangue da aliança" (dam habberit), um conceito central que ecoa na Nova Aliança (em Lucas 22:20). E o capítulo 34 se destaca-se com 5 ocorrências da palavra berit (aliança), enfatizando a renovação da aliança após a aposta sia de Israel.

A palavra berit (aliança) tem raízes antigas no Oriente Próximo, onde acordos solenes entre partes eram estabelecidos, muitas vezes com rituais de sangue (como em Gênesis 15). No contexto bíblico, berit não é um mero contrato, mas um compromisso divino irrevogável, estabelecido por iniciativa de Deus. Em Shemot, no Êxodo, essa aliança é apresentada como um fio escarlate condutor que liga as narrativas patriarcais (Gênesis) à libertação do Egito e à constituição de Israel como povo de Deus.

A Função da Aliança no Êxodo é uma Continuidade com os Patriarcas. A referência à aliança em Êxodo 2:24 vincula a opressão no Egito às promessas feitas a Abraão (Gn 15:13-14), mostrando que o êxodo é o cumprimento do pacto divino. Deus não age por capricho, mas por fidelidade ao seu juramento (Êx 6:8). O ápice da aliança em Shemot ou no livro de Êxodo, ocorre no Sinai (capitulo 19), onde Israel é formalmente constituído como povo pactuado. A libertação do Egito (Êx 20:2) é o prólogo histórico que legitima a exigência de lealdade ("obedecerás à minha voz"). O êxodo e a aliança são inseparáveis: a graça precede a lei.

A cerimônia da aliança no Sinai (cap. 24:3-8) com sangue aspergido sobre o altar e o povo, reforça o caráter vinculante do pacto. O sangue simboliza vida e expiação (como depois no Tabernáculo), antecipando o sistema sacrificial. Esse ritual ecoa tradições antigas de tratados, mas com singularidade teológica:Israel é a nação súdita mas Deus é o soberano que estabelece os termos.

Em Gênesis, a aliança é incondicional (Gn 3 v21 Deus vêm até os humanos), focada no Descendente. Em Êxodo, a aliança no Sinai é condicional ("se ouvires a minha voz", Êx 19:5), com obrigações mútuas, embora fundamentada na graça prévia do Gênesis.

A aliança em Shemot não é apenas um conceito jurídico, mas uma relação de intimidade: Deus liberta para que Israel seja "propriedade peculiar, reino de sacerdotes" (Êx 19:6). Isso prefigura a nova aliança em Cristo (Jr 31:31-34), onde a lei é internalizada pelo Espírito. O Tabernáculo (construído após o Sinai) simboliza essa relação: Deus habita no meio do povo, mas a aliança exige santidade (Êx 25:8; 29:45-46).

A Aliança Noédica

A primeira renovação significativa da aliança após a aliança eterna estabelecida com Adão (Gn 3:15,21) foi a renovação da aliança com Noé (Gn 9:11), nesse texto é a primeira vez que o termo “aliança” aparece nas Escritruas. Descrita como o Pacto da Graça Comum (Gn 8:20–9:19). Este acordo, simbolizado pelo arco-íris, reflete a misericórdia divina ao preservar a criação, garantindo a estabilidade das estações, a proteção contra a destruição total e a continuidade da vida humana e animal . Em Gn 9:12-17 a ênfase é o sinal da aliança. Se na primeira versão da aliança, o sinal era o cordeiro morto; nessa o sinal é o Arco-Íris; na versão da aliança no Sinai, o sinal será o sábado. Diferentemente do pacto adâmico, quebrado pela desobediência, a aliança noética é universal, abrangendo toda a humanidade e a ordem natural, demonstrando a graça comum de Deus sobre justos e ímpios . 

A Aliança Abraâmica

Em Gn 12:3 está o fundamento da aliança abraâmica – “Em você serão benditas todas as famílias da terra”. A benção que viria através da descendência de Abrão era o Descendente de Gn 3:15, o Messias prometido. A aliança com Abraão é desenvolvida em todo o relato de sua vida (Gn 12, 15, 17, 22) e marca um ponto crucial na história da redenção. Em Gênesis 15, Deus estabelece unilateralmente o pacto, passando sozinho entre os animais divididos – um ato que simboliza Sua disposição de assumir as consequências da quebra da aliança. Em Gênesis 17, o foco se expande para uma dimensão multinacional, onde Abraão é designado "pai de muitas nações”. A circuncisão torna-se o sinal dessa aliança, não apenas como marca étnica, mas como símbolo de consagração ao Deus que cumpre promessas mesmo diante da impossibilidade humana. A obediência de Abraão no sacrifício de Isaque (Gn 22) confirma sua fé e prefigura o sacrifício de Cristo, o descendente prometido que traria benção a todas as nações.

A Aliança com Isaque

A aliança com Isaque não é introduzida como um novo pacto, mas como uma renovação e continuidade das promessas feitas a Abraão (Gn 26:2–5). Isaque, filho da promessa, vive uma existência marcada pela submissão – seja no quase-sacrifício, seja em sua postura pacífica diante de conflitos pelos poços em Gerar . Sua vida ilustra a fidelidade de Deus em preservar a linhagem da aliança, mesmo em meio à esterilidade de Rebeca e às tensões familiares entre Jacó e Esaú .

A Aliança com Jacó

Com Jacó, a aliança é reafirmada em Betel (Gn 28:10–22), onde Deus repete as promessas de terra, descendência e benção universal, agora associadas à presença divina: "Eu estou contigo" . A transformação de Jacó em "Israel" após o encontro com o Anjo do Senhor (Gn 32) revela um aspecto dinâmico do pacto: Deus molda Seus instrumentos, mesmo em suas imperfeições. A narrativa de Jacó enfatiza a soberania divina em cumprir promessas independentemente da fraqueza humana, como visto no engano de Esaú e na posterior reconciliação dos irmãos . 

A Aliança do Sinai

Por fim, a aliança no Sinai (Êx 19–24) estabelece um marco na relação entre Deus e Israel, formalizando a lei como padrão de vida para um povo redimido. Diferente dos pactos anteriores, este possui um caráter condicional—"Se diligentemente ouvirdes a minha voz..." (Êx 19:5) – mas está enraizado na graça, pois Israel já havia sido liberto do Egito antes de receber os mandamentos . A aliança do Sinai, tinha um mediador, Moisés, e um sistema sacrificial elaborado, apontando para a necessidade de expiação e antecipa a Nova Aliança, baseada no sangue do Messias.

A Aliança com os Profetas

A renovação da Aliança com os profetas é talvez a mais significativa porque é desenvolvida em diversos aspectos, com os vários profetas. A mais destacada ocorre nas palavras de Jeremias, onde a promessa é que a lei seria inscrita nos corações (Jr 31:31–34). Esse artigo nessa renovação da aliança eterna é fundamental para entendermos como ocorre o trato de Deus com Seu povo através da Lei. É uma das promessas mais norteadoras nos termos da aliança eterna, que diz – “Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados.” Jeremias 31:31-34. A lei já vinha sendo escrita no coração dos crentes do AT, mas na nova aliança ela ganharia força, pela efetividade do sangue de Cristo e seu papel mediador.

A Nova Aliança no Livro de Hebreus

A carta aos Hebreus apresenta a Nova Aliança como o cumprimento e a consumação de todas as alianças anteriores, estabelecendo Cristo como o mediador definitivo de um pacto superior, fundamentado em melhores promessas. O autor, escrevendo a uma comunidade familiarizada com o Antigo Testamento, contrasta a antiga economia sacrificial com a obra perfeita de Jesus, demonstrando que a Nova Aliança não apenas suplanta a aliança cerimonial, mas também realiza plenamente as promessas feitas aos patriarcas. 

É bom clarificar que as antigas alianças e a nova aliança se diferem apenas no sangue exigido pela eterna aliança. Os antigos formatos da aliança se utilizavam de sangue animal; a nova aliança se torna efetiva se apropriando do sangue do Descendente prometido em Gn3:15, o sangue de Cristo.

O argumento central de Hebreus é que a Nova Aliança, anunciada por Jeremias (Jr 31:31–34), foi inaugurada por Cristo, o sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 7–10). Enquanto a antiga aliança dependia de sacrifícios repetidos e de um sacerdócio levítico imperfeito, a Nova Aliança é sustentada por um único sacrifício—o de Cristo—, que obtém eterna redenção. O autor enfatiza que o sangue de animais jamais poderia remover pecados de forma definitiva (Hb 10:4), mas o sangue de Cristo, oferecido uma vez por todas, purifica a consciência do pecador e concede acesso direto a Deus (Hb 9:12–14). 

Uma das características distintivas da Nova Aliança, conforme exposto em Hebreus, é a interiorização da lei; que é o cumprimento da promessa feita em Jeremias 31:31-34. Enquanto o pacto do Sinai era escrito em tábuas de pedra, a Nova Aliança inscreve a lei no coração (Hb 8:10), operando uma transformação espiritual que capacita o crente a viver em obediência. Essa interiorização é obra do Espírito Santo, que testifica da eficácia do sacrifício de Cristo e aplica seus benefícios ao crente. Além disso, a promessa de perdão total—"não me lembrarei mais de seus pecados" (Hb 8:12)—assegura uma reconciliação permanente, contrastando com a repetição anual de expiação no Dia da Propiciação. 

O papel de Cristo como mediador é outro aspecto crucial. Enquanto Moisés foi o mediador da antiga aliança (Hb 9:19–20), Jesus é o mediador de um pacto superior, baseado em melhores promessas (Hb 8:6). Sua mediação não se limita a um tabernáculo terreno, mas adentra o santuário celestial, onde Ele intercede continuamente por seu povo (Hb 7:25). Essa mediação eterna garante segurança aos crentes, pois repousa não em sua própria fidelidade, mas na fidelidade de Cristo, o fiador da aliança (Hb 7:22). 

Por fim, Hebreus destaca a consumação escatológica da Nova Aliança, apontando para a segunda vinda de Cristo, quando a redenção será plenamente realizada (Hb 9:28). Enquanto isso, os crentes vivem na tensão entre o "já" e o "ainda não"—desfrutando dos benefícios da Nova Aliança, mas aguardando a manifestação final do reino de Deus. A exortação a perseverar na fé (Hb 10:19–25) surge como resposta natural a essa realidade: se a antiga aliança exigia obediência sob pena de maldição, a Nova Aliança concede o Espírito para que os eleitos permaneçam firmes até o fim. 

Paulo finaliza sua carta explicitando – “Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel” Hebreus 12:24.

As alianças com os patriarcas e Moisés revelam um Deus que age progressivamente na história, mantendo Sua fidelidade mesmo diante da infidelidade humana. Desde a graça comum de Noé até a lei do Sinai, cada pacto prepara o caminho para a plena revelação em Cristo, que cumpre e transcende todas as alianças anteriores, unindo-as em Seu sacrifício definitivo .

Em síntese, Hebreus apresenta a Nova Aliança como o ápice da revelação divina, superando as limitações dos pactos anteriores e estabelecendo uma relação permanente entre Deus e seu povo. Cristo, como sacerdote, sacrifício e mediador, é o centro dessa aliança, que não apenas cumpre as promessas do Antigo Testamento, mas as eleva a uma dimensão eterna e celestial. A Nova Aliança, portanto, não é uma mera atualização da antiga, mas uma realidade qualitativamente superior, fundamentada na obra consumada de Cristo e aplicada pelo Espírito Santo àqueles que creem.

Conclusão

A Aliança Eterna e suas renovações seguem o formato do contrato do casamento entre um homem e uma mulher. A imagística de Deus como Marido (Is 54:5; Os 2:16) e a Igreja sendo a esposa é muito explorada (Ef  5:32; Ap 19:7).

Assim como uma relação conjugal, o casamento não é desfeito por erros e falhas de nossa parte. Deus se mantem fiel, honra Sua parte e luta por se manter em relacionamento conosco. Deus é Fiel.

Ele diz nesse contexto - "Com amor eterno te amei. também com amável benignidade te atraí" Jr 31:3. A nossa parte nessa aliança, é dizer sim a Deus.

Diga agora, sim a Deus; aceite a Jesus Cristo, o Noivo, como o Salvador em sua vida.


YAHWEH TENTADO DEZ VEZES

 Em Números 14:22 Deus diz – “dez vezes puseram à prova a minha paciência e não quiseram me obedecer”. Deus se referia ao povo de Israel, aquela geração que saiu do Egito e era obstinadamente desobediente e murmuradora. 

Essa declaração é feita por Deus no episódio do relatório dos espias (Nm 13–14), quando Israel, diante da terra prometida, se rebela e deseja voltar para o Egito. 

A expressão "dez vezes" aponta para momentos críticos em que Deus operou maravilhas, grande sinais e milagres, e mesmo diante de evidências grandiosas, o povo murmurava.

Foram dez eventos específicos de murmuração desde o Êxodo até aquele momento e que marcaram o relacionamento de Yahweh com aquela geração. O limite da misericórdia Divina foi extrapolado, e eles castigados em permanecer 40 anos no deserto e não entrar na Terra Prometida, porque rejeitaram fazer isso. 

As possíveis "Dez Tentações" de Israel que impuseram a Yahweh foram as seguintes: 

   1. Murmuração antes de sair do Egito (Ex 14:12) o povo não queria deixar a escravidão. Pediram para não os tirar do Egito.

 2. Murmuração no Mar Vermelho (Êxodo 14:11). São sarcásticos ao dizer que vão morrer no deserto mas preferiam morrer no Egito.

3. Águas amargas de Mara (Êx 15:22-24).

4. Fome no deserto (Êx 16:13 – pedindo pão). 

 5. Coletar maná no sábado (Êx 16:27-28). 

 6. Sede em Refidim (Êx 17:3,7). 

 7. Bezerro de ouro (Êx 32). 

 8. Murmuração geral (Números 11:1–3).

 9. Ânsia por comer carne (Nm 11:10). 

 10. Rejeição de Canaã (Nm 14:2 – relatório dos espias). 

Conclusão: 

 Esses textos mostram que a rebeldia persistente endurece o coração (Hb 3:7-19). 

 Deus considera a incredulidade como uma "tentação" contra Ele (Sl 95:89). 

 No NT, Paulo usa esse evento como advertência (1Co 10:9,10). 

O CÂNTICO DE MOISÉS E O CÂNTICO DO CORDEIRO

O Cântico de Moisés em Êxodo 15 é um dos textos mais teologicamente ricos do Antigo Testamento. Mais do que uma simples celebração pela travessia do Mar Vermelho, este poema é uma declaração litúrgica da realeza de Yahweh, que triunfa sobre as forças do caos e estabelece Seu domínio sobre a criação e a história; e o cântico ainda tem projeções proféticas no Apocalipse.

O cântico que está nos vs1-19, divide-se em duas partes principais: 1. A vitória sobre o Egito (vs1-12) – Um relato poético da destruição do exército de Faraó. E a 2ª parte é a proclamação do reinado de Yahweh (vs13-18) – Uma antecipação da conquista de Canaã e do santuário divino. 

O poema segue a estrutura de um hino de guerra antigo, semelhante aos textos ugaríticos, mas com uma teologia distintamente israelita. A linguagem é intencionalmente cósmica, apresentando Yahweh como um guerreiro divino que domina até as forças primordiais do caos. Essa imagem do guerreiro divino aparecem em Apocalipse 6 v1 e Apocalipse 19 vs11-15. 

O afogamento do exército egípcio não é apenas um evento histórico, mas uma recriação da narrativa de Gênesis 1, onde Deus vence as águas do caos: o v7 diz "Lançaste no abismo os que se levantaram contra Ti; com Teu furor os consumiste como palha". O motivo do combate cósmico (Yahweh vs. o mar/ que representa a divindade egípcia Rá-Hórus) ecoa mitos cananeus, mas é reinterpretado para mostrar a supremacia do Deus de Israel. O Egito, no contexto apocalíptico é o inimigo número um de Yahweh, a primeira das sete cabeças do Dragão (Ap 12:3); e Yahweh o enfrenta em seu habitate, o abismo, o fundo do oceano, o mar de onde ele geras as bestas. 

O mar, na mentalidade antiga, simbolizava o caos primordial, e ao dividir o Mar Vermelho, representa a soberania divina e o poder de Yahweh como Criador. O mar, na tradição hebraica, e na imagística do Apocalipse, simboliza as forças hostis; o Dragão é uma serpente marinha. Isaías 27 v1 diz que “Naquele dia o Senhor... o Leviatã, serpente veloz, Leviatã, serpente tortuosa; e matará o monstro que está no mar.” O Egito sendo afogado no mar, é um prenúncio para a Besta do Mar e a Besta do Abismo, de que seu fim será o Lago de Fogo (Ap 20 v10).

O cântico não termina com a destruição do Egito, mas com uma visão escatológica: "Tu os levarás e os plantarás no monte da Tua herança... Santuário, ó Senhor, que as Tuas mãos estabeleceram" (v17). Essa visão é ampliada em Apocalipse 20 v4 – “Vi tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade para julgar. ... e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos”. Esses tronos estão no Santuário Celestial, e ali os justos julga-rão os seus inimigos, e os condenarão ao fogo eterno, a extinção eterna.

Este trecho antecipa a conquista de Canaã e a construção do Templo, mostrando que o Êxodo não é um fim em si mesmo, mas o início de um projeto teocrático. 

Essa última parte do cântico de Moisés é uma liturgia de entronização, onde Yahweh é proclamado rei não apenas sobre Israel, mas sobre todas as nações; não foi composto apenas para registro histórico, mas para uso cultual. A linguagem do "temor" no v16, ecoa em textos como Josué 2:9-11, onde as nações reconhecem o poder de Yahweh. Vários salmos, como o 77 e o 106, e até o livro de Apocalipse (Ap 15 vs2,3) o retomam, mostrando sua centralidade na memória litúrgica de Israel. 

O Cântico de Moisés aqui em Êxodo 15 e o Cântico do Cordeiro em Apocalipse 15, tem conexões teológicas; repre sentam dois momentos cruciais na narrativa bíblica: o primeiro, uma celebração da libertação histórica do Egito; o segundo, uma proclamação escatológica da vitória final de Deus sobre o Dragão, a Besta do Mar e o Falso Profeta. Embora separados por séculos, esses hinos compartilham uma teologia profundamente conectada, revelando a continuidade do plano redentor de Deus. 

Êxodo 15:1-19, já vimos, é O Cântico da Libertação do Egito. Apocalipse 15 vs3,4 é O Cântico da Vitória Escatológica. Os vencedores da Besta do Mar, celebram diante do trono de Deus. 

No v3 Deus é declarado como Rei das Nações. Justiça e verdade divinas são manifestadas no juízo (v4). E a  Adora ção universal ao Cordeiro é celebrada (v4). Este cântico reescreve Êxodo 15 à luz da vitória de Cristo, mostrando que o Êxodo foi um prelúdio da vitória de Jesus sobre os poderes finais – o Dragão a Besta e o Falso Profeta. 

A linguagem de "justos e verdadeiros" (v3) ecoa a fidelidade de Yahweh no Êxodo, agora cumprida em Cristo.

Nos dois cânticos, Yahweh/Jesus são como Guerreiros Divinos. Êxodo 15:3: "O Senhor é guerreiro; Senhor é o Seu nome." Em Apocalipse 15:3: "Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei das nações!" 

Ambos os textos apresentam Deus como um vencedor cósmico. No Êxodo, Ele derrota Faraó; no Apocalipse, Ele triunfa sobre a Besta. A diferença é que, em Apocalipse, o Cordeiro (Cristo) compartilha essa vitória, cumprindo o papel de guerreiro-redentor (Ap 5:6-10). O tema do "Deus guerreiro" é central na tradição israelita e é reinterpreta do cristologicamente no NT. 

Em Êxodo 15: O mar é o instrumento do juízo sobre o Egito.  Em Apocalipse 15 “mar de vidro, misturado com fogo” lembra o Mar Vermelho, e os juízo de fogo e enxofre.

Em ambos os casos, Deus age de forma sobrenatural para destruir Seus inimigos. No Êxodo, as águas representam o caos vencido; no Apocalipse “o mar de vidro misturado com fogo, evoca o Lago de Fogo e enxofre de Apocalipse 20 v10. 

O juízo no Êxodo é um mini juízo para o juízo final escatológico. 

Em Êxodo 15 vs14-16: As nações tremem diante de Israel. Em Apocalipse 15:4 é dito que "Todos os povos virão e Te adorarão." 

O Êxodo assim, antecipa um reino teocrático, enquanto o Apocalipse revela seu cumprimento na Reino Eterno. A diferença é que, em Cristo, a adoração não se limita a Israel, mas abrange todas as nações. 

No Êxodo temos uma das primeiras batalhas do Grande Conflito, não plenamente realizada, e no Apocalipse, temo o Armagedom (Ap 16 v16), a última batalha.

No Êxodo, o tabernáculo é prometido (cap.15:17); no Apocalipse, o templo celestial é aberto (cap.15 v5). 

O Êxodo prepara o caminho para a missão às nações; e o Apocalipse finaliza a conquista e salvação das nações. 

Êxodo 15 celebra Deus libertando Israel do Egito. Apocalipse 15 celebra Cristo libertando a humanidade do pecado e da morte. 

Assim Apocalipse 15 é uma "releitura escatológica" de Êxodo 15. Um Único Cântico, Duas Fases da Redenção. 

O cântico de Moisés termina com a declaração – “O Senhor reinará por todo o sempre” v18; o Apocalipse termina descrevendo – “Os seus servos o adorarão,contemplarão a sua face, e na sua testa terão gravado o nome dele... e reinarão para todo o sempre” Ap 22 vs3,5.

Conclusão

Os dois cânticos não são independentes, mas elos da mesma cadeia redentora.

A Bíblia não é uma coleção de histórias desconexas, mas uma narrativa unificada, onde o Êxodo prenuncia o Apocalipse, e o Cordeiro cumpre o que Moisés começou.

AS PRAGAS DO EGITO E OS FALSOS DEUSES


As pragas do Egito (Êxodo 7-11) tinham vários propósitos:

1) Convencer a Faraó, o rei do Egito, a libertar o povo de Israel da escravidão - Ex 6:1
2) Castigar os egípcios pelo mal imposto ao povo de Deus e aos crimes cometidos contra eles - Ex 6:29 
3) Destruir a religião idólatra egípcia e a mentira que acreditavam - Ex 10:2
4) Desacreditar o povo sobre os falsos deuses; e aos espíritos maus, atrás deles - Ex 9:14
5) Demonstrar aos egípcios a grandeza de Yahweh e a superioridade aos falsos deuses Ex 12:12up
6) Demonstrar ao povo de Israel a grandeza de Yahweh - Ex 6:6,7
7) Divulgar a toda à Terra que Yahweh é o único e verdadeiro Deus - Ex 9:14

Os principais deuses daquele povo foram humilhados pelos juízos de Yahweh. 
O tipo de praga que Deus trouxe sobre o Egito, era direcionado para destruir a fé do povo nesses falsos deuses. 

1. Água transformada em sangue, o deus atingido foi Hapi (deus do Nilo e da fertilidade). 
Também foi desacreditado Khnum (guardião do Nilo) e Osíris (cujo sangue era associado ao Nilo). 

2.na praga das Rãs, a deusa atingida foi Heket (deusa da fertilidade com cabeça de rã). 

3. Na praga dos Piolhos o deus atingido foi Geb (deus da terra, onde os piolhos surgiram). 

4.na praga das Moscas, Khepri (deus com cabeça de besouro, associado a insetos) foi desacreditado; outra deusa era Uatchit (ligada a moscas e proteção). 

5. No juízo da Peste nos animais, Hathor (a deusa-vaca) e Ápis ( o deus touro sagrado de Mênfis) foram anulados.  

6. No juózo das Úlceras, Sekhmet (deusa da cura e das pragas) foi anulada; também Isis e Thoth (deuses da medicina) foram desacreditados. 

7. No juízo da Chuva de granizo os deuses atingidos foram Nut (deusa do céu) e Set (deus das tempestades); Shu (deus do ar) também foi anulado. 

8. na praga dos Gafanhotos, os deus atingidos foram  Senejem (deus protetor das colheitas) e Osíris (associado à fertilidade agrícola). 

9. No juízo das Trevas os deuses atingidos foram Rá (deus do sol) e Hórus (deus do céu e da luz); Aton (o disco solar) e Thoth (deus da lua e da sabedoria) também foram humilhados. 

10. No juízo da Morte dos primogênitos (Êx 11:1–12:36) o deus atingido foi Faraó (considerado a encarnação de Hórus e filho de Rá); também desacreditou Meses (deusa protetora das crianças) e Ptah (criador da vida).

As pragas do Egito nos ajudam a entender as pragas apocalípticas. O relato dessas pragas no livro do Êxodo ainda tipificam a obra de Deus em destruir a idolatria da Babilônia Espiritual - a doutrina romana e o Vaticano.


REBORN – MODISMO OU SINTOMAS?

Você já deve estar informado sobre a moda e a polêmica dos “bebês reborn”. Mas se não ouviu tudo, vamos a uma rápida atualização.

O PONTO DE VISTA HISTÓRICO

A expressão "reborn", que significa "renascido" em inglês, é utilizada no contexto dos "bebês reborn" para descrever bonecas artesanais hiper-realistas que se assemelham a bebês humanos. O termo reflete o processo de transformação de uma boneca comum em uma peça única e detalhada, conferindo-lhe uma nova "vida" por meio de técnicas artísticas meticulosas. [Revista Exame]

A prática de criar bonecas realistas remonta à Segunda Guerra Mundial, quando, devido à escassez de recursos, mães reformavam bonecas antigas para presentear seus filhos. Essa atividade foi o embrião do que viria a ser conhecido como "reborn" . [UniDoll]

Na década de 1990, nos Estados Unidos, artistas e colecionadores começaram a aperfeiçoar essa técnica, transformando bonecas de vinil em representações mais realistas de bebês. O processo, denominado "reborning", envolve várias etapas detalhadas, como pintura em camadas para simular a pele humana, implantação de cabelos fio a fio e adição de características como veias e manchas .

O termo "reborn" passou a ser associado não apenas ao processo de criação, mas também às próprias bonecas resultantes desse trabalho artístico. Hoje, os "bebês reborn" são utilizados para diversos fins, incluindo colecionismo, uso terapêutico em casos de luto ou demência, e como ferramentas em treinamentos médicos.

Mas o assunto virou polêmica porque muitas pessoas estão comprando esssas bonecas, que são muito caras, e tratando esses objetos como se fossem bebês reais, e encenando uma maternidade fictícia. E como se não bastasse, as pessoas esperam que as pessoas que estão ao redor, entrem nessa "encenação" agindo como se houvesse ali um bebê de verdade.

Algumas "mães de bebê reborn" estão levando as bonecas de silicone para serem atendidas em hospitais, simulando doenças naquelas bonecas. Há histórias dessas e casos variados. E isso tem causado surpresa na sociedade e chamado a atenção da mídia; as redes sociais, criaram 'memes' e tornaram a situação em um fenômeno viral.

 O PONTO DE VISTA DA PSICOLOGIA

A psicóloga Daniela Bittar, especialista em luto perinatal, em uma entrevista a BBC Brasil, explica que “o uso das bonecas pode se tornar um problema quando se desenvolve um apego excessivo (...)Embora faltem dados para avaliar se este é realmente o cenário, a psicóloga considera que é uma possibilidade”. "Nós vivemos uma sociedade muito opressora, principalmente se a gente for pensar no feminino e na maternidade. Então, será que nós estamos buscando relações em que não tem uma investida do outro? Relações onde eu me relaciono completamente no controle?"

 "Esses bebês reborn, apesar de trazerem a sensação sensorial de um bebê, eles não se relacionam de volta. A relação só tem uma via. Bittar, propõe uma reflexão sobre o que o aumento de vínculos com bonecas e outras formas não humanas pode estar revelando. Talvez vivamos em um mundo onde ninguém olha mais para o outro, em que as pessoas se sentem tão solitárias que começam a se relacionar com formas não humanas."

 “Bittar cita exemplos que vão além dos bebês reborn: homens que se relacionam com bonecas, pessoas que tratam a inteligência artificial como melhor amiga, mulheres que têm Alexa como confidente. No Japão, as bonecas até falam. Existem hotéis em que, em vez de encontrar uma acompanhante, o homem vai a um quarto onde está uma boneca que fala, responde, interage — mas ainda é uma boneca. E os bebês reborn agora entram nisso. Bittar ainda diz - "Eu ainda tenho dúvidas se estamos diante de um fenômeno coletivo, uma distorção midiática ou se realmente há mulheres tratando essas bonecas como filhos. O controle total sobre esse tipo de relação seria parte do apelo. Quando me relaciono com uma forma não humana, eu estou no controle. Posso projetar amor, posso evitar a rejeição. Crio uma ilusão. Um cenário de fantasia em que finjo, inclusive, que estou sendo amada." [BBC]

 O PONTO DE VISTA DAS ESCRITURAS

O ser humano não está em uma ascensão moral, espiritual ou física; estamos em uma degeneração causada pelo pecado. O conceito de pecado indica uma degradação também nos relacionamentos humanos.

As escrituras postulam que – “todos pecaram e carecem da glória de Deus” Rm 3:23. Desde Eva, a primeira a pecar, estamos em um espiral de corrupção do caráter, personalidade, temperamento e emoções. Perdemos a perfeição da imagem e semelhança com o Criador (Gn 1:26pp). Se houve períodos de “iluminismo” é porque Jesus, “A Luz do Mundo” trouxe conhecimento e transformação aos humanos.

Sendo assim, cada era da história humana houveram sintomas dessa degradação do gênero humano. Períodos da idade média baixa foram caracterizados por crendices e crenças absurdas; na idade média, a perseguição e morte entre cristãos; na idade média alta a idolatria no cristianismo. As guerras, genocídios, holocausto, exploração de crianças e mulheres etc – todos são sintomas dessa degeneração humana.

Esses eventos eram resultado do egoísmo, orgulho, ira, desafeto, inveja – todas características do seres humanos pecaminosos. O cristianismo traz a solução no conceito de que Deus transforma os humanos, e os restaura “à imagem e semelhança” de Deus novamente (João 3:5-7 e 16). É o conceito de renascimento espiritual (curiosamente em inglês ‘reborn’).

 O DIAGNÓSTICO DO SINTOMA REBORN

O que vemos hoje com essa “onda de bebês de silicone”, é uma característica de pessoas que não querem a responsabilidade da maternidade, o incômodo da gravidez, e de noites mal dormidas, e ainda passar todo o processo de cuidados para uma criança real.

Há condições patológicas e psíquicas? Com certeza, mas não é o caso da maioria.

O mesmo diagnóstico pode ser dado aos homens que procuram “bonecas sexuais de silicone” para satisfazer seus desejos sexuais, e das mulheres tambem que usam membros masculinos de silicone, vibradores etc. Alguns homens e mulheres que recorrem a isso, tem dificuldades de se relacionar, tem problemas emocionais e relacionais, mas a maioria está a procura de prazer em satisfação rápida. Outros estão querendo satisfação sexual sem o envolvimento que uma relação verdadeira exige.

Ou seja, esse movimento “reborn” indica nosso sintoma de uma necessidade de espiritualidade profunda, um novo nascimento espiritual, e virtudes que só Deus pode dar. O ser humano precisa de transformação. Nossos relacionamentos precisam ser transformados; nossas emoções precisam ser remodeladas; nossa psiquê, espiritualidade e moralidade precisam do poder regenerador do Deus Espírito.

O diagnóstico de Deus já existe para nós humanos. O laudo Divino diz - "nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis. Pois os seres humanos serão egoístas... mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus" 2 Tim. 3:1 e 4. Entenda, egoísmo e busca de prazaeres, esse é o mal dos humanos. Mas a fórmula de Deus é que sejamos pessoas altruístas, e que busquemos beneficiar os outros, servir as pessoas.

Deus dá o diagnóstico mas oferece também o tratamento – “não vivam conforme os padrões deste mundo, mas deixem que Deus os transforme pela renovação da mente, para que possam experimentar qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” Romanos 12:2.

 CONCLUSÃO

Procure se relacionar com Deus; religião é relacionamento com o Criador. Só Ele pode nos regenerar, e mudar o curso da humanidade. 

O que será de nós humanos, se continuarmos sem Deus, sem religião e sem o Seu poder transformador?

O SÁBADO E A ESCATOLOGIA

Por que o sábado é tão importante nos eventos dos últimos dias?

Deixe-me compartilhar com vocês alguns pensamentos sobre o alto significado do sábado no final do conflito cósmico.


O sábado e o amor de Deus

O sábado é o único mandamento que identifica Deus com base em duas de Suas atividades: Criação (Êx 20:8, 11) e redenção (Dt 5:15). Ambos são, como o evangelho, o resultado da obra do Filho de Deus (Jo 1:1-3, 14; Rm 3:23, 24). Criação e redenção constituem as duas manifestações mais poderosas do amor divino conhecidas por nós. A criação foi uma expressão do amor e da sabedoria divinos (por exemplo, Gn 1:31; Sl 19:1; 8:3-6; 1 Jo 4:8, 16), e a redenção é a expressão mais gloriosa do amor abnegado divino (Jo 3:16; 10:17, 18). Deus também nos deu o sábado para nos lembrar que Ele é um Criador amoroso. O querubim caído tentará silenciar o testemunho do sábado para a criação como o primeiro ato do amor divino e do evangelho da salvação por meio do amor sacrificial de Cristo. 


O sábado e o caráter de Deus

Como o Decálogo é uma expressão verbal do caráter de Deus e o sábado é parte dele, uma mudança na lei moral é, na verdade, um ataque contra a integridade e a perfeição do caráter de Deus. Qualquer modificação da lei moral de Deus implicaria claramente que a lei, e mais especificamente o Legislador, é imperfeita. Consequentemente, seria legal e moralmente justificável desobedecer a uma lei tão imperfeita. Ao mudar o sábado do sétimo dia para o domingo, o querubim caído esperava desacreditar o caráter de Deus e manifestar sua autoridade sobre a lei. Quando os humanos reconhecem sua autoridade ao aceitar a mudança e obedecer ao novo mandamento, eles se submetem a ele como o verdadeiro legislador. 


Sábado e Adoração

Uma mudança no quarto mandamento resultaria na adoração de um Deus falso. O dia de sábado é um dia sagrado durante o qual os humanos têm comunhão e adoram o Criador e Redentor (por exemplo, Isaías 66:23). O querubim caído modificou a lei ao mudar o mandamento no qual a lei e a adoração estão profundamente interconectadas. Com uma mudança (no quarto mandamento), o querubim caído procurou desacreditar o caráter de Deus e se tornar o objeto de adoração. A raça humana deve ser lembrada de que o sábado é um sinal do poder criativo de Deus e que, como tal, Ele é o único e exclusivo objeto de adoração verdadeira. Os humanos devem ouvir novamente uma proclamação do evangelho da salvação pela fé em Cristo que não se oponha à lei de Deus. A perpetuidade da lei deve ser proclamada como evidência da salvação pela fé em Cristo que nos move a nos curvar diante do Criador e Redentor em adoração sincera.


O sábado como um sinal de lealdade

A singularidade do sábado o transforma em um sinal de lealdade a Deus. Na língua hebraica, o Decálogo consiste em 152 palavras (Ex. 20:3-17). Em seu centro, encontramos a declaração "Mas o sétimo dia é um sábado de/para/pertencente a Yahweh". Esta frase se tornou uma questão de debate na história da guarda do sábado. A especificidade do "sétimo dia" perturbou o mundo cristão, e foi finalmente removida, argumentando que "o sétimo dia" é um componente ritual no quarto mandamento sem qualquer valor para os cristãos. No texto bíblico, a especificidade do mandamento equivale a um sinal de lealdade a Deus (Ex. 16:23-30). O querubim caído se opõe ao sinal do fim dos tempos de lealdade a Deus, mas, paradoxalmente, oferece a todos um falso sábado específico como um sinal de lealdade a ele (Ap. 13:16).


Fonte: Adventista Review (Angel M. Rodriguez)

QUAL A IMPORTÂNCIA QUE VOCÊ DÁ À BÍBLIA?

Demonstramos que nos importamos com a Palavra de Jeová, quando acreditamos e obedecemos a essa Palavra.

A primeira evidência de que acreditamos em Jeová é quando obedecemos à Sua Lei. Essa lei é a própria Palavra Escrita de Jeová. Em Êxodo 31:18 está escrito - "quando JEOVÁ acabou de falar com Moisés, no Monte Sinai, deu a ele as duas tábuas de testemunho escritas pelo dedo de Deus". A Lei é a síntese da Palavra de Jeová, a um mundo que se afastou de Sua vontade.

A Aliança que Jeová fez com a humanidade é baseada em Sua Lei – “Escute, Israel, os estatutos e juízos que hoje lhes anuncio, para que vocês os aprendam e tenham o cuidado de pôr em prática. O Senhor, nosso Deus, fez aliança conosco em Horebe” Deuter. 5:1,2.

A seguir a essa declaração, Jeová dá Sua Lei ao Seu povo, e para todos aqueles que se declaram ser suas Testemunhas. Nos versos 5-21 estão os Dez Mandamentos, os preceitos de Sua Aliança, que Ele espera que acreditemos e obedeçamos.

Jeová ainda diz – “São estes os mandamentos, os estatutos e os juízos que JEOVÁ, seu Deus, ordenou que fossem ensinados a vocês, para que vocês os cumprissem na terra em que vão entrar e possuir, para que durante todos os dias da sua vida vocês, os seus filhos, e os filhos dos seus filhos temam o Senhor, seu Deus, e guardem todos os seus estatutos e mandamentos que eu lhes ordeno, e para que os seus dias sejam prolongados” Deuter. 6:1,2.

Você dá importância à Aliança de Jeová? Acredita em Sua Palavra? Suas escolhas indicam se sim, ou não se importa.

Os mandamentos estão ali para você se auto- avaliar.

“JEOVÁ disse:

 "Eu sou o JEOVÁ, seu Deus, que o tirei da terra do Egito, da casa da servidão."

"Não tenha outros deuses diante de mim."

 "Não faça para você imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.

Não adore essas coisas, nem preste culto a elas, porque eu, JEOVÁ, seu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, mas faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos."

"Não tome o nome de JEOVÁ, seu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão."

"Guarde o dia de sábado, para o santificar, como JEOVÁ, seu Deus, lhe ordenou. Seis dias você trabalhará e fará toda a sua obra, mas o sétimo dia é o sábado dedicado a JEOVÁ, seu Deus; não faça nenhum trabalho nesse dia, nem você, nem o seu filho, nem a sua filha, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento ou qualquer outro dos seus animais, nem o estrangeiro das suas portas para dentro, para que o seu servo e a sua serva descansem como você. Lembre-se de que você foi escravo na terra do Egito e que JEOVÁ, seu Deus, o tirou de lá com mão poderosa e braço estendido. Por isso JEOVÁ, seu Deus, ordenou que você guardasse o dia de sábado."

 "Honre o seu pai e a sua mãe, como o Senhor, seu Deus, lhe ordenou, para que você tenha uma longa vida e para que tudo vá bem com você na terra que o Senhor, seu Deus, lhe dá."

"Não mate."

"Não cometa adultério."

"Não furte."

"Não dê falso testemunho contra o seu próximo."

"Não cobice a mulher do seu próximo. Não deseje a casa do seu próximo, nem o seu campo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao seu próximo."

Seja o crente ou a testemunha, que ignora os termos dessa Aliança, desprezam a JEOVÁ.

Você dá importância à Palavra de JEOVÁ? Sua obediência a Lei Dele indica isso.

O quarto mandamento dessa Lei, o sábado, foi dado a Adão e Eva (Gen. 2:1-3) e não aos judeus como alguns argumentam de forma falha. É o único mandamento dessa Lei que possui o Nome de JEOVÁ.

Você dá importância à Palavra de Jeová, quando Ele diz para se lembrar do sábado? Somente nossa obediência à Sua Lei, e amor à Sua Aliança, irá indicar se damos importância. Por vezes estamos dando importância a interpretações humanas, e não à Palavra de JEOVÁ.

Pense nisso!

SE JESUS NÃO TIVESSE NASCIDO

O impacto do nascimento de Jesus a esse mundo, e se tornado um humano como nós, é tão abrangente que, sem ela, o curso da história humana teria sido dramaticamente diferente. A resposta pode ser analisada em termos espirituais, morais, culturais e históricos.

Do Ponto de Vista Espiritual

Sem Jesus, não haveria redenção para o pecado. A revelação bíblica ensina que Jesus é o único caminho para a salvação (João 14:6). Seu nascimento, vida, morte e ressurreição fornecem a solução para o problema do pecado e a reconciliação com Deus.

 Sem Sua encarnação, que permitiu o nascimento e sacrifício, a humanidade permaneceria em alienação espiritual, sujeita às consequências eternas do pecado (Rm 3:23; 6:23). A encarnação de Deus na pele e carne humana foi a grande solução para o evento desencadeado pelo pecado.

Jesus, ou Deus, não apenas se tornou um de nós para nosso exemplo de como viver de forma equilibrada, mas Jesus foi nosso substituto; Ele morreu em nosso lugar, assumindo a sentença de morte eterna.

Se Jesus não houvesse nascido, ou se Deus não houvesse empreendido a encarnação para ser um de nós, a condição espiritual degenerada e progressiva da raça humana, teria levado a extinção dos humanos na terra.

A condição do ser humano sem Deus é a tendência de destruir um ao outro – matar, agredir, violência, guerra, destruição, em um ciclo tal, que iria causar a extinção da vida no planeta.

Foram os conceitos que Deus trouxe desde a antiguidade, primeiro através dos profetas e depois, através de Jesus, o próprio Deus Encarnado, que salvaram a raça humana dessa extinção.

Deus opera não somente através do cristianismo, mas interiormente em cada ser humano, através da consciência humana. Essa ação é uma intervenção universal do Criador. O Apóstolo Paulo desenvolve esse assunto e explica  - “o que se pode conhecer a respeito de Deus é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, isto é, o seu eterno poder e a sua divindade, claramente se reconhecem, desde a criação do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que Deus fez. Por isso, os seres humanos são indesculpáveis” Rom.1:19,20.

O sistema de sacrifícios teria continuado

  O fato de  Jesus ter nascido é o cumprimento das promessas e prefigurações do Antigo Testamento (Hebreus 10:1-4). Sem Ele, o sistema de sacrifícios poderia ter persistido como um símbolo vazio, incapaz de proporcionar perdão verdadeiro.

A ausência de esperança de vida eterna

 Sem o nascimento, a morte substitutiva e a ressurreição de Cristo, não haveria vitória sobre a morte (1 Coríntios 15:14-19). A humanidade viveria sem a esperança de uma vida futura, totalmente restaurada no plano original do Criador.

Do Ponto de Vista Moral e Ético

Se Jesus não houvesse nascido, a influência dos seus ensinamentos não teria moldado o mundo. Os ensinamentos de Jesus, como o Sermão do Monte (Mateus 5-7), têm sido a base de princípios éticos como o amor ao próximo, a dignidade humana, a compaixão e o perdão. Sem esses ensinamentos, a moralidade humana poderia ter permanecido mais tribalista, centrada em retribuição e vingança em vez de graça e misericórdia.

O impacto nas relações humanas

Conceitos como igualdade, direitos humanos e a dignidade de todos os indivíduos derivam em grande parte do ensino cristão sobre a imagem de Deus em cada pessoa (Gênesis 1:27; Gálatas 3:28). Sem Jesus, esses valores poderiam não ter emergido da mesma forma.

Do Ponto de Vista Histórico e Cultural

Sem o cristianismo, o curso da civilização seria radicalmente diferente. O cristianismo, fundado na pessoa de Jesus, moldou profundamente a história ocidental e global. Suas influências incluem:

 Educação: Universidades e sistemas educacionais modernos frequentemente surgiram sob influência cristã.

 Ciência: Muitos cientistas pioneiros (Newton, Kepler, Pascal) eram motivados por uma cosmovisão cristã.

Caridade: Hospitais, orfanatos e instituições de caridade foram amplamente inspirados por valores cristãos.

Mudanças políticas e sociais

Movimentos de justiça social, como a abolição da escravidão, foram liderados por cristãos inspirados por Jesus (ex.: William Wilberforce).

 Sem Jesus, as estruturas políticas e sociais poderiam ter sido moldadas por outros valores, menos centrados na dignidade humana.

Do Ponto de Vista Escatológico (dos últimos eventos)

O plano de Deus para a redenção seria incompleto. A Bíblia revela que Jesus é o centro do plano divino para restaurar a humanidade e criar novos céus e nova terra (Efésios 1:9-10; Apocalipse 21:1-4). Sem Jesus, esse plano não poderia ser realizado, e a humanidade estaria destinada à destruição.

O domínio do mal seria permanente

É uma realidade a existência de forças espirituais do mal (Ef 6:12). O próprio Jesus teve confrontos diretos com esses seres espirituais do mal (Mt 4:1-11; Mc 5:9, 15; Lc 8:30).

A vitória sobre Satanás e o pecado ocorre por meio da cruz e da ressurreição de Cristo (Hebreus 2:14-15). Sem Jesus, o poder do mal continuaria ininterrupto, sem esperança de restauração. O planeta se envolveria em um ciclo de morte e a vida humana estaria extinta nos primeiros anos de sua existência. A história dos dois irmãos, Caim e Abel, evidenciam essa tendencia ao assassinato, crime e morte.

Se Jesus não tivesse nascido, a humanidade permaneceria separada de Deus, sem solução para o problema do pecado.

 Os valores morais, sociais e espirituais que transformaram o mundo poderiam não ter emergido.

O plano de redenção de Deus para a criação seria incompleto, e a humanidade viveria sem esperança de restauração futura.

A importância de Jesus transcende o âmbito espiritual, afetando todos os aspectos da existência humana. Seu nascimento foi, e é, o evento central na história da humanidade.




O TESTEMUNHO DE PILATOS


Pôncio Pilatos, o governador romano que presidiu o julgamento de Jesus, é uma importante testemunha indireta quanto a história de Jesus Cristo como indivíduo.

Pilatos declarou claramente que não achou crime algum em Jesus, e nem motivo para O sentenciar a morte (João 18:38up). A sentença de morte foi uma decisão da multidão e dos líderes judeus, e que Pilatos apenas sancionou por motivos políticos.

Pilatos ainda contribuiu com um testemunho sobre o seu conteúdo na entrevista que fez de Jesus, trazendo informações importantes sobre quem realmente era Jesus de Nazaré – O Rei dos Judeus, que as profecias prometiam.

Outra contribuição de Pilatos foi a placa que ele mandou colocar sobre a cruz de Jesus declarando que Jesus era o Rei dos Judeus (João 19:19,20). Isso foi anunciado em três idiomas por toda Jerusalém, de forma oficial, por um representante do império romano. Essa é uma tremenda contribuição que Pilatos fez.

Embora Pilatos não tenha aceito a Jesus e nem se envolvido com o Salvador, ele foi uma importante testemunha.

Pilatos é mencionado em várias fontes históricas fora da Bíblia. Essas menções fornecem um contexto histórico que confirma sua existência e posição, complementando os relatos bíblicos.

Escritos de Flávio Josefo

Flávio Josefo, historiador judeu do século I, menciona Pilatos em dois de seus escritos: Antiguidades Judaicas (18.3.1).

Josefo descreve Pilatos como procurador da Judeia e narra eventos como sua tentativa de introduzir estandartes romanos em Jerusalém, provocando indignação entre os judeus.

  Outra citação da mesma fonte, Antiguidades Judaicas (18.3.3); Josefo relata o julgamento de Jesus, mencionando Pilatos como o responsável pela condenação à cruz.

 Josefo também narra como Pilatos usou o tesouro do templo para construir um aqueduto, o que gerou revolta entre os judeus.

Escritos de Tácito

O historiador romano Tácito, em sua obra ‘Anais’ 15.44, menciona Pilatos ao falar sobre a perseguição aos cristãos sob o imperador Nero.

Ele afirma que Jesus, chamado Cristo, foi condenado à morte sob Pôncio Pilatos, durante o governo de Tibério. Isso confirma que Pilatos era governador na época da crucificação.

Escritos de Filão de Alexandria

Filão, filósofo e historiador judeu do século I, também menciona Pilatos em sua obra ‘Legatio ad Gaium’. Ele descreve Pilatos como um governante cruel e insensível, criticando-o por provocar conflitos com os judeus e cometer abusos de poder.

A Pedra de Pilatos

 Uma evidência arqueológica direta é a chamada "Pedra de Pilatos", encontrada em 1961 em Cesareia Marítima.

 A inscrição em latim confirma o nome e o título de Pilatos como "Prefeito da Judeia". É uma prova concreta de sua posição e governança.

Apócrifos e Escritos Cristãos Posteriores

Pilatos é mencionado em textos apócrifos, como o Evangelho de Nicodemos e os Atos de Pilatos. Esses escritos, embora não sejam históricos, refletem tradições sobre seu papel no julgamento de Jesus.

Alguns textos cristãos posteriores sugerem que Pilatos teria se convertido ao cristianismo, mas essas histórias carecem de base histórica confiável.

As menções a Pilatos fora da Bíblia por historiadores como Josefo, Tácito e Filão, além da evidência arqueológica da Pedra de Pilatos, reforçam a historicidade de sua figura. Ele é retratado consistentemente como o governador romano da Judeia no tempo de Jesus, confirmando sua relevância no contexto histórico e religioso.

E o mais importante, o seu testemunho oficial sobre Jesus, e sua entrevista forense, dão credibilidade para o indivíduo Jesus de Nazaré.

A sentença primária inocentando Jesus de qualquer crime (João 18:38up) e o título que honrou a Jesus na cruz, anunciando que Cristo era o Rei do Judeus, são ações importantes que nos ajudam não só a entender que é Jesus, mas revelam parte da missão do Salvador.

Pilatos cedeu a chantagem dos líderes judeus (João 19:12) ao ameaçar sua posição no império; mas isso não desqualifica seu esforço de salvar Jesus. Por três vezes Pilatos inocentou a Jesus perante a multidão dos judeus e os líderes religiosos.

Os Evangelhos relatam três ocasiões distintas durante o julgamento de Jesus em que Pôncio Pilatos declara Sua inocência. Esses momentos são cruciais para destacar que, embora Pilatos tenha condenado Jesus à crucificação, ele não encontrou culpa Nele. Vamos analisar os três momentos:

A Primeira Declaração: Após o Primeiro Interrogatório; está registrado Lucas 23:4:

 "Disse Pilatos aos principais sacerdotes e às multidões: Não acho culpa alguma neste homem." 

 Após a acusação dos líderes judeus, Pilatos questiona Jesus sobre ser o "Rei dos Judeus" (Lucas 23:3).

Ele percebe que as acusações são baseadas em inveja e não encontra motivo para condená-lo. Mesmo assim, os líderes judeus insistem, acusando Jesus de incitar o povo.

A Segunda Declaração: Após o Envio a Herodes; registrada em Lucas 23:14-15:

 "Apresentastes-me este homem como agitador do povo, mas, tendo-o interrogado na vossa presença, nada verifiquei contra ele dos crimes de que o acusais. Nem tampouco Herodes, pois no-lo tornou a enviar. É, pois, claro que ele não fez coisa alguma digna de morte." 

Pilatos, ao saber que Jesus era da Galileia, envia-o a Herodes, que também não encontra culpa Nele e o devolve a Pilatos. Pilatos reafirmou que não há razão legal para a condenação de Jesus.

Note que foram duas autoridades romanas, com poder judicial imparcial, que não acharam nada no inquérito de Jesus de Nazaré.

A Terceira Declaração foi uma Tentativa de Libertar Jesus;  registrado em João 19:4-6: 

 "Pilatos saiu outra vez e disse-lhes: Eis que eu vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum."  E ao insistirem, responde: “Tomai-o vós outros e crucificai-o; eu, porém, não acho nele culpa alguma."** 

Mesmo após Jesus ser açoitado e apresentado à multidão com a coroa de espinhos, Pilatos novamente declara a inocência de Jesus de Nazaré.

 No entanto, os líderes judeus pressionam Pilatos, alegando que Jesus deveria morrer por "fazer-se Filho de Deus."

Os três momentos em que Pilatos declara Jesus inocente evidenciam sua hesitação e a ausência de base legal para a condenação:

1. Lucas 23:4 – Após o primeiro interrogatório.

2. Lucas 23:14-15 – Depois do retorno de Herodes.

3. João 19:4-6 – Durante a tentativa de apaziguar a multidão.

Apesar disso, Pilatos cede à pressão política e social, lavando as mãos como sinal de recusa de responsabilidade (Mateus 27:24). Sua atitude sublinha a injustiça da crucificação de Jesus, que foi condenado sem culpa.

Embora Pilatos não tenha se decidido por Jesus, o confessando como Salvador e Senhor, é compreensível que em uma situação tão probante e formal isso acontecesse. Outras autoridades do império romano foram confrontados com o testemunho, dessa vez, de Paulo, e também não tomaram a decisão imediata (Felix, Atos 24:10-27; Festo Atos 25:1-12; Agripa Atos 25:13-27).

Somente a eternidade poderá nos revelar se o testemunho recebido por esses indivíduos resultou na salvação deles.


TESTEMUNHOS SOBRE JESUS NO EVANGELHO DE JOÃO

O apóstolo João teve o privilégio de escrever os útimos livros da Bíblia. Esse profeta escreve os 5 últimos lvros do Canon Sagrado; e isso foi 65 anos depois de Jesus ter subido ao céu. 

Isso faz com que os conceitos apresentados nesses livros últimos livros, sejam os mais evoluídos dentro da revelação e compreensão da Palavra de Deus.

João primeiro recebeu a Revelção (Apocalipse) o que moldou o segundo livro que escreveu, o Evangelho de João. E depois, vieram as três cartas pastorais - 1a João, 2a João e 3a João. Sendo essa última carta, o último livro escrito da Bíblia. 

Esses últimos livros possuem uma compreensão avançada de toda revelação. Em especial, o evangelho, possui uma compreensão diferenciada sobre Cristo.

Uma palavra que bem define o evangelho de João é - testemunho - e ali encontramos 11 testemunhos de pessoas sobre Jesus Cristo:

João Batista declarou aos seus discípulos: “Eis o Cordeiro de Deus!” (Jo 1:36).

André disse a seu irmão: “Achamos o Messias!” (Jo 1:41).

 Filipe disse a Natanael: “Achamos Aquele de quem Moisés escreveu” (Jo 1:45).

 Natanael disse a Cristo: “Mestre, o senhor é o Filho de Deus! O senhor é o Rei de Israel!” (Jo 1:49).

 A samaritana cogitou: “Não seria Ele, por acaso, o Cristo?” (Jo 4:29).

 Os samaritanos afirmaram: “Nós mesmos ouvimos, e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4:42).

 Pedro disse: “Senhor, para quem iremos? O senhor tem as palavras da vida eterna” (Jo 6:68).

 Marta declarou: “Eu creio que o senhor é o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo” (Jo 11:27).

O ex-cego afirmou: “É estranho que vocês não saibam de onde ele é, mas ele me abriu os olhos. ... Desde que o mundo existe, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença.  Se este homem não fosse de Deus, não poderia ter feito nada.” (Jo 9:30-33). 

 Pilatos disse aos judeus: “Eis aqui o rei de vocês” (Jo 19:14). “Eu não encontro Nele crime algum” (Jo 19:6).

 Tomé se entregou e disse: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20:28).



A INFLUENCIA DAS MULHERES NA REFORMA E SUA CONTINUIDADE

 

As mulheres tiveram grande influência na Reforma Protestante. É a injustiça e o preconceito que não menciona a contribuição delas, mas elas foram determinantes com sua influencia e como mentoras das famílias e congregações. Entre as anônimas mulheres, outras tiveram seu destaque como:

Katharina von Bora (1499-1552) - Ex-freira alemã que se casou com Martinho Lutero, foi uma grande apoiadora do movimento reformista. Katharina não apenas administrava a casa e o sustento de Lutero, mas também era uma conselheira dele e manteve um espaço de apoio para outros reformadores em sua casa. Ela desafiou o papel tradicional da mulher e é vista como uma pioneira no modelo de casamento pastoral protestante.

Argula von Grumbach (1492-1568) - Nobre alemã, foi uma das primeiras mulheres a defender publicamente as ideias de Lutero e escrever textos em defesa da Reforma. Argula enviou cartas a líderes e universidades criticando a perseguição de reformadores e denunciando os abusos da Igreja Católica. Sua coragem em escrever e defender publicamente a Reforma em uma época de forte repressão à voz feminina foi notável.

Marie Dentière (1495-1561) - Ex-freira belga e teóloga que se uniu ao movimento de João Calvino em Genebra. Marie escreveu tratados defendendo a participação das mulheres na Reforma e fez críticas à Igreja Católica. Em uma de suas cartas, ela apelou a Marguerite de Navarra para que ajudasse a promover o papel das mulheres no movimento.

Elisabeth von Braunschweig (1510-1558) - Princesa alemã que se converteu ao luteranismo e usou sua posição para defender o protestantismo em seu território. Ela ajudou a proteger reformadores e correspondia-se com Lutero e outros líderes, pedindo conselhos e encorajando o movimento.

Jeanne d’Albret (1528-1572) - Rainha de Navarra, foi uma das principais apoiadoras do protestantismo na França. Ela promoveu o calvinismo em seu reino e usou sua posição política para defender e espalhar a fé reformada. Jeanne teve um papel importante nas Guerras de Religião na França, defendendo a liberdade religiosa para os protestantes.

Ellen Gould White (1827–1915) foi uma escritora muito produtiva e líder espiritual. Nascida em Gorham, Maine, nos Estados Unidos, Ellen Harmon teve uma infância marcada por dificuldades. Foi batizada na igreja metodista, mas aos 12 anos, uniu-se ao movimento milerita, que aguardava a segunda vinda de Cristo. Pouco tempo depois, ela relatou ter tido uma série de visões que a confirmaram na missão de fortalecer o movimento adventista emergente. Em 1846, casou-se com o pastor Tiago White, outro líder milerita, e juntos dedicaram-se a estruturar as verdades bíblicas do movimento adventista em continuidade à reforma protestante.

Verdades antigas redescobertas 

Ellen White foi decisiva para o sucesso do movimento adventista como continuidade da reforma protestante. A medida que antigas verdades eram entendidas, ela como profetisa as confirmava como sendo a revelação de Deus àquele movimento. A primeira verdade restaurada e acrescida a continuidade da reforma foi a doutrina do santuário celestial e o trabalho celestial de Jesus como sumo sacerdote no céu. Essa mensagem é uma verdade central dentro do argumento protestante, pois confronta a doutrina romana da intercessão mariana. Outras verdades foram sendo redescobertas pelo grupo de pessoas do movimento; verdades antigas como a validade da lei de Deus, a guarda do sábado do sétimo dia, a mortalidade condicional do ser humano, doutrina da ressurreição e os mandamentos de saúde.

Esse conjunto de verdades se somam àquelas que os pioneiros da reforma haviam redescoberto e formam um conjunto gracioso de revelações concedidas pelo céu. A reforma não havia terminado e houve uma efetiva continuidade a partir do movimento milerita e sua mensagem da segunda vinda de Jesus - a mensagem adventista.

Assim as visões de Ellen, ou as revelações Divinas através de sua profetisa, foram essenciais para a formação da doutrina reformista do século XIX. Ellen White foi uma escritora prolífica, com mais de 40 livros, e outras dezenas de compilações, chegando ao número de 100 mil páginas escritas, abrangendo temas como teologia, saúde, educação e vida cristã. Seus escritos, incluindo obras como "O Grande Conflito" e "Caminho a Cristo", continuam a influenciar os adventistas e cristãos de outras denominações. Sua ênfase em uma vida equilibrada e sua visão da religião como parte integral de todas as áreas da vida moldaram a identidade adventista moderna. Ellen White faleceu em 1915, mas seu legado permanece vivo, sendo considerada por muitos como a "mensageira do Senhor" e uma das vozes mais influentes no adventismo mundial e da reforma continuada no século XIX.

Conclusão

As mulheres reformadoras foram estratégicas na continuidade do movimento protestante. O legado principalmente da profetisa e escritora norte-americana, Ellen White, é a vanguarda da continuidade da reforma do século 16. Os escritos e sua divulgação pela página impressa impactou dezenas de nações que possuem seus escritos em seus idiomas. Essa é uma herança que foi herdada dos pioneiros reformadores e que estão no presente século na forma dos livros.

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A continuidade da Reforma


A CONTINUIDADE DA REFORMA PROTESTANTE

 

Hoje a principal necessidade é compreender que a Reforma teve continuidade e precisar continuar em nossos dias. A ideia principal desse movimento era romper com o ‘stablishment’ da igreja romana que havia corrompido e mudado os conceitos bíblicos; e a reforma veio para devolver ao povo uma religião pura e simples, baseada na Palavra de Deus. E para que isso ocorresse,  homens pensantes, corajosos e altruístas foram fundamentais para esse rompimento.

Os reformadores do passado foram vários. Os principais nomes da Reforma Protestante incluem:

Martinho Lutero (1483-1546) - Monge alemão e professor de teologia, foi a figura central da Reforma Protestante. Em 1517, publicou suas 95 Teses, que criticavam abusos na Igreja Católica, como a venda de indulgências. Lutero enfatizou a salvação pela fé, a autoridade das Escrituras e a tradução da Bíblia para o vernáculo.

João Calvino (1509-1564) - Teólogo francês e reformador, foi uma figura central na segunda geração da Reforma. Calvino estabeleceu uma teocracia em Genebra, Suíça, onde implementou um governo baseado em princípios bíblicos.

Ulrich Zwinglio (1484-1531) - Reformador suíço que, independente de Lutero, também iniciou um movimento de reforma. Ele promoveu mudanças como a abolição de imagens nas igrejas e criticou a missa católica.

John Knox (1513-1572) - Reformador escocês, foi influenciado por Calvino e levou a Reforma para a Escócia. Ele fundou a Igreja Presbiteriana, destacando a autonomia das congregações e o governo da igreja por anciãos.

Thomas Cranmer (1489-1556) - Arcebispo de Cantuária, teve um papel importante na Reforma inglesa sob o reinado de Henrique VIII e Eduardo VI. Escreveu o Livro de Oração Comum, que influenciou a adoração na Igreja Anglicana.

Muitos desses homens e outros, pagaram com a própria vida os ideais da Reforma Protestante ou os princípios da Palavra de Deus. E nos falta esse ideal hoje, a coragem para lutar contra as distorções que vão ocorrendo com a interpretação da Palavra de Deus.

A Reforma Protestante teve continuidade

No século XVIII, diversos pregadores cristãos começaram a pregar sobre a iminente volta de Jesus, antecipando o movimento milerita do século XIX. A Reforma Protestante despertou essa visão da Segunda Vinda de Jesus. Embora a ideia de um retorno iminente de Cristo tenha raízes no cristianismo primitivo, o século XVIII viu um ressurgimento desse tema em resposta a reforma e a movimentos de renovação espiritual. Alguns neo-reformadores desse período incluem:

Johann Albrecht Bengel (1687–1752) - Teólogo e pastor luterano alemão, Bengel foi um dos primeiros teólogos a estudar as profecias bíblicas com um enfoque no retorno de Cristo. Em suas análises, ele sugeriu datas específicas para eventos apocalípticos e destacou a importância de uma preparação espiritual para a segunda vinda.

John Wesley (1703–1791) - Fundador do movimento metodista, Wesley pregava com frequência sobre a santidade pessoal e a importância da preparação para o retorno de Cristo. Embora ele evitasse fixar datas, Wesley via sinais do fim nos eventos sociais e políticos de seu tempo, incentivando uma renovação espiritual entre seus seguidores.

George Whitefield (1714–1770) - Evangelista britânico e um dos líderes do Primeiro Grande Despertar, Whitefield enfatizou em suas pregações a necessidade de arrependimento e de uma vida dedicada a Deus, esperando pela volta de Cristo. Ele foi influente tanto na Inglaterra quanto nas colônias americanas, transmitindo a ideia de uma renovação espiritual urgente à luz dos eventos finais.

Jonathan Edwards (1703–1758) - Pregador e teólogo norte-americano, Edwards, um dos líderes do Primeiro Grande Despertar, abordava temas como a soberania de Deus e o julgamento iminente. Embora focado em avivamento e arrependimento, ele acreditava que Deus estava preparando o mundo para eventos escatológicos e a eventual volta de Cristo.

Manuel Lacunza (1731–1801) - Jesuíta chileno que, após estudar profecias, escreveu sob o pseudônimo de "Juan Josafat Ben-Ezra". Seu livro *A Vinda do Messias em Glória e Majestade* influenciou cristãos na Europa e nas Américas com suas ideias sobre o milênio e o retorno de Jesus. Sua obra foi lida por muitos, incluindo William Miller, contribuindo para o interesse escatológico no século XIX.

William Miller (1782–1849) foi um fazendeiro e pregador batista americano cuja interpretação das profecias bíblicas deu origem ao movimento milerita, que provocou um garande ‘boom’ sobre a Parousia. Nascido em Pittsfield, Massachusetts, e criado em uma família cristã, Miller serviu como capitão na Guerra de 1812. Após o conflito, passou por uma profunda crise espiritual que o levou a um estudo meticuloso da Bíblia, especialmente dos livros de Daniel e Apocalipse. Foi um dos maiores responsáveis pela visão emergente da Vinda de Cristo.

José Bates (1792–1872) após uma forte experiência espiritual e de conversão, decidiu abandonar a vida no mar, como capitão de barcos, para se dedicar ao trabalho missionário. Bates uniu-se ao movimento milerita na década de 1840, convencido da iminente segunda vinda de Cristo, e pregou extensivamente sobre o retorno de Jesus. Em 1846, Bates publicou o folheto The Seventh Day Sabbath, a Perpetual Sign, que influenciou profundamente outros líderes do movimento millerita.  Além de seu trabalho evangelístico e doutrinário, Bates foi conhecido por seu estilo de vida simples e sua dedicação inabalável à missão. Ele viajou extensivamente e gastou grande parte de seus recursos pessoais para divulgar o evangelho.

James Springer White (1821–1881) aos 15 anos, após uma experiência de cura, ele decidiu se dedicar à fé protestante e, aos 21, uniu-se ao movimento millerita liderado por William Miller, que pregava a iminência da segunda vinda de Cristo. White, junto a outros líderes, buscou entender melhor os conceitos de W. Miller e reorganizar o movimento adventista que surgiu. James White também desempenhou um papel importante como editor e publicador. Ele fundou o periódico The Present Truth (que depois se tornou a Review and Herald) e participou na publicação de muitos dos escritos de sua esposa, bem como de outros materiais evangelísticos. Foi um entusiasta da página impressa divulgando a mensagem adventista.

Conclusão

Esses homens do século 18 e 19 foram os responsáveis pela continuidade da reforma protestante, onde o princípio fundamental é descobrir as verdades esquecidas durante a idade média, a grande apostasia da igreja romana.

Como é importante hoje entendermos que a Reforma continuou e permanece em nossos dias. Agora a reforma precisa continuar em nossa vida pessoal, adotando os princípios vivos da Palavra de Deus.

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