A Aliança Eterna foi estabelecida em Gn 3 vs15 e 21, baseada no Descendente que viria de Eva; esse Descendente desfaria a aliança que os humanos procuraram com o Dragão, a antiga serpente que se chama Diabo e Satanás (Ap 12:9). A palavra "alaiança" aparece 26 vezes no Gênesis, sendo a primeira menção em Gn 6 v18.
Foi no Gênesis que essa aliança Eterna foi estabelecida pela 1ª vez e foi baseada no sangue de um cordeiro (Gn 3 v21) cordeiro que também vestiu Adão e Eva, simbolizando o princípio da justiça pela fé, no Cordeiro de Deus, Jesus (Ev de João cap.3 v29).
O Livro da Aliança
No Livro do Êxodo a palavra a alainaç se dimensiona. O Nome desse livro em hebraico é שְׁמוֹת (Shemot), que significa "Nomes". Esse título vem da primeira palavra do livro no texto hebraico original. O Significado mais contextualizado é que shemot ou Nomes, se Refere à lista dos nomes dos filhos de Jacó (Israel) feita nos primeiros versos; é uma lista dos que desceram ao Egito, marcando a transição do Gênesis para o Êxodo.
É no grego ἔξοδος,
que Êxodo tem o sentido de "saída". O título em português vem da
tradução grega da Bíblia (Septuaginta) e destaca o evento central do livro: a
libertação do povo de Israel da escravidão no Egito. Sendo assim, para os
hebreus o nome desse livro é Shemot; e para os estrangeiros, a partir do NT,
chamaram de êxodos. Em Hebraico (Shemot) tem o Foco na identidade do povo de
Israel (os "nomes").
Mas se pudéssemos resumir o livro de Shemot ou Êxodo em uma palavra seria Aliança. Essa palavra aparece 13x nesse livro. A palavra "aliança" (בְּרִית, berit) em Êxodo 2:24 aparece em um contexto teológico fundamental no livro de Shemot (Êxodo). O versículo declara que Deus "ouviu o gemido" dos israelitas e "lembrou-se da sua aliança com Abraão, Isaque e Jacó". Essa menção não é casual, mas estabelece a base para o desenvolvimento do tema da aliança em todo o livro do Êxodo. No capítulo 24 vs7-8 contém duas menções explícitas, incluindo o "sangue da aliança" (dam habberit), um conceito central que ecoa na Nova Aliança (em Lucas 22:20). E o capítulo 34 se destaca-se com 5 ocorrências da palavra berit (aliança), enfatizando a renovação da aliança após a aposta sia de Israel.
A palavra berit (aliança) tem
raízes antigas no Oriente Próximo, onde acordos solenes entre partes eram
estabelecidos, muitas vezes com rituais de sangue (como em Gênesis 15). No
contexto bíblico, berit não é um mero contrato, mas um compromisso divino
irrevogável, estabelecido por iniciativa de Deus. Em Shemot, no Êxodo, essa
aliança é apresentada como um fio escarlate condutor que liga as narrativas
patriarcais (Gênesis) à libertação do Egito e à constituição de Israel como
povo de Deus.
A Função da Aliança no Êxodo é uma
Continuidade com os Patriarcas. A referência à aliança em Êxodo 2:24 vincula a
opressão no Egito às promessas feitas a Abraão (Gn 15:13-14), mostrando que o
êxodo é o cumprimento do pacto divino. Deus não age por capricho, mas por
fidelidade ao seu juramento (Êx 6:8). O ápice da aliança em Shemot ou no livro
de Êxodo, ocorre no Sinai (capitulo 19), onde Israel é formalmente constituído
como povo pactuado. A libertação do Egito (Êx 20:2) é o prólogo histórico que
legitima a exigência de lealdade ("obedecerás à minha voz"). O êxodo
e a aliança são inseparáveis: a graça precede a lei.
A cerimônia da aliança no Sinai (cap.
24:3-8) com sangue aspergido sobre o altar e o povo, reforça o caráter
vinculante do pacto. O sangue simboliza vida e expiação (como depois no
Tabernáculo), antecipando o sistema sacrificial. Esse ritual ecoa tradições
antigas de tratados, mas com singularidade teológica:Israel é a nação súdita
mas Deus é o soberano que estabelece os termos.
Em Gênesis, a aliança é incondicional
(Gn 3 v21 Deus vêm até os humanos), focada no Descendente. Em Êxodo, a aliança
no Sinai é condicional ("se ouvires a minha voz", Êx 19:5), com
obrigações mútuas, embora fundamentada na graça prévia do Gênesis.
A aliança em Shemot não é apenas
um conceito jurídico, mas uma relação de intimidade: Deus liberta para que
Israel seja "propriedade peculiar, reino de sacerdotes" (Êx 19:6). Isso
prefigura a nova aliança em Cristo (Jr 31:31-34), onde a lei é internalizada
pelo Espírito. O Tabernáculo (construído após o Sinai) simboliza essa relação:
Deus habita no meio do povo, mas a aliança exige santidade (Êx 25:8; 29:45-46).
A Aliança Noédica
A primeira renovação significativa da aliança após a aliança
eterna estabelecida com Adão (Gn 3:15,21) foi a renovação da aliança com Noé
(Gn 9:11), nesse texto é a primeira vez que o termo “aliança” aparece nas
Escritruas. Descrita como o Pacto da Graça Comum (Gn 8:20–9:19). Este acordo,
simbolizado pelo arco-íris, reflete a misericórdia divina ao preservar a
criação, garantindo a estabilidade das estações, a proteção contra a destruição
total e a continuidade da vida humana e animal . Em Gn 9:12-17 a ênfase é o
sinal da aliança. Se na primeira versão da aliança, o sinal era o cordeiro
morto; nessa o sinal é o Arco-Íris; na versão da aliança no Sinai, o sinal será
o sábado. Diferentemente do pacto adâmico, quebrado pela desobediência, a
aliança noética é universal, abrangendo toda a humanidade e a ordem natural,
demonstrando a graça comum de Deus sobre justos e ímpios .
A Aliança Abraâmica
Em Gn 12:3 está o fundamento da aliança abraâmica – “Em você
serão benditas todas as famílias da terra”. A benção que viria através da
descendência de Abrão era o Descendente de Gn 3:15, o Messias prometido. A aliança
com Abraão é desenvolvida em todo o relato de sua vida (Gn 12, 15, 17, 22) e marca
um ponto crucial na história da redenção. Em Gênesis 15, Deus estabelece
unilateralmente o pacto, passando sozinho entre os animais divididos – um ato
que simboliza Sua disposição de assumir as consequências da quebra da aliança.
Em Gênesis 17, o foco se expande para uma dimensão multinacional, onde Abraão é
designado "pai de muitas nações”. A circuncisão torna-se o sinal dessa
aliança, não apenas como marca étnica, mas como símbolo de consagração ao Deus
que cumpre promessas mesmo diante da impossibilidade humana. A obediência de
Abraão no sacrifício de Isaque (Gn 22) confirma sua fé e prefigura o sacrifício
de Cristo, o descendente prometido que traria benção a todas as nações.
A Aliança com Isaque
A aliança com Isaque não é introduzida como um novo pacto,
mas como uma renovação e continuidade das promessas feitas a Abraão (Gn
26:2–5). Isaque, filho da promessa, vive uma existência marcada pela submissão –
seja no quase-sacrifício, seja em sua postura pacífica diante de conflitos
pelos poços em Gerar . Sua vida ilustra a fidelidade de Deus em preservar a
linhagem da aliança, mesmo em meio à esterilidade de Rebeca e às tensões
familiares entre Jacó e Esaú .
A Aliança com Jacó
Com Jacó, a aliança é reafirmada em Betel (Gn 28:10–22),
onde Deus repete as promessas de terra, descendência e benção universal, agora
associadas à presença divina: "Eu estou contigo" . A transformação de
Jacó em "Israel" após o encontro com o Anjo do Senhor (Gn 32) revela
um aspecto dinâmico do pacto: Deus molda Seus instrumentos, mesmo em suas
imperfeições. A narrativa de Jacó enfatiza a soberania divina em cumprir
promessas independentemente da fraqueza humana, como visto no engano de Esaú e
na posterior reconciliação dos irmãos .
A Aliança do Sinai
Por fim, a aliança no Sinai (Êx 19–24) estabelece um marco
na relação entre Deus e Israel, formalizando a lei como padrão de vida para um
povo redimido. Diferente dos pactos anteriores, este possui um caráter
condicional—"Se diligentemente ouvirdes a minha voz..." (Êx 19:5) – mas
está enraizado na graça, pois Israel já havia sido liberto do Egito antes de
receber os mandamentos . A aliança do Sinai, tinha um mediador, Moisés, e um sistema
sacrificial elaborado, apontando para a necessidade de expiação e antecipa a
Nova Aliança, baseada no sangue do Messias.
A Aliança com os Profetas
A renovação da Aliança com os profetas é talvez a mais
significativa porque é desenvolvida em diversos aspectos, com os vários
profetas. A mais destacada ocorre nas palavras de Jeremias, onde a promessa é que
a lei seria inscrita nos corações (Jr 31:31–34). Esse artigo nessa renovação da
aliança eterna é fundamental para entendermos como ocorre o trato de Deus com
Seu povo através da Lei. É uma das promessas mais norteadoras nos termos da
aliança eterna, que diz – “Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma
aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança
que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra
do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver
desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel
depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a
escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não
ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei
ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o
Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus
pecados.” Jeremias 31:31-34. A lei já vinha sendo escrita no coração dos
crentes do AT, mas na nova aliança ela ganharia força, pela efetividade do
sangue de Cristo e seu papel mediador.
A Nova Aliança no Livro de Hebreus
A carta aos Hebreus apresenta a Nova Aliança como o
cumprimento e a consumação de todas as alianças anteriores, estabelecendo
Cristo como o mediador definitivo de um pacto superior, fundamentado em
melhores promessas. O autor, escrevendo a uma comunidade familiarizada com o
Antigo Testamento, contrasta a antiga economia sacrificial com a obra perfeita
de Jesus, demonstrando que a Nova Aliança não apenas suplanta a aliança cerimonial,
mas também realiza plenamente as promessas feitas aos patriarcas.
É bom clarificar que as antigas alianças e a nova aliança se
diferem apenas no sangue exigido pela eterna aliança. Os antigos formatos da
aliança se utilizavam de sangue animal; a nova aliança se torna efetiva se
apropriando do sangue do Descendente prometido em Gn3:15, o sangue de Cristo.
O argumento central de Hebreus é que a Nova Aliança,
anunciada por Jeremias (Jr 31:31–34), foi inaugurada por Cristo, o sumo
sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 7–10). Enquanto a antiga aliança
dependia de sacrifícios repetidos e de um sacerdócio levítico imperfeito, a
Nova Aliança é sustentada por um único sacrifício—o de Cristo—, que obtém
eterna redenção. O autor enfatiza que o sangue de animais jamais poderia
remover pecados de forma definitiva (Hb 10:4), mas o sangue de Cristo,
oferecido uma vez por todas, purifica a consciência do pecador e concede acesso
direto a Deus (Hb 9:12–14).
Uma das características distintivas da Nova Aliança,
conforme exposto em Hebreus, é a interiorização da lei; que é o cumprimento da
promessa feita em Jeremias 31:31-34. Enquanto o pacto do Sinai era escrito em
tábuas de pedra, a Nova Aliança inscreve a lei no coração (Hb 8:10), operando
uma transformação espiritual que capacita o crente a viver em obediência. Essa
interiorização é obra do Espírito Santo, que testifica da eficácia do
sacrifício de Cristo e aplica seus benefícios ao crente. Além disso, a promessa
de perdão total—"não me lembrarei mais de seus pecados" (Hb
8:12)—assegura uma reconciliação permanente, contrastando com a repetição anual
de expiação no Dia da Propiciação.
O papel de Cristo como mediador é outro aspecto crucial.
Enquanto Moisés foi o mediador da antiga aliança (Hb 9:19–20), Jesus é o
mediador de um pacto superior, baseado em melhores promessas (Hb 8:6). Sua
mediação não se limita a um tabernáculo terreno, mas adentra o santuário
celestial, onde Ele intercede continuamente por seu povo (Hb 7:25). Essa
mediação eterna garante segurança aos crentes, pois repousa não em sua própria
fidelidade, mas na fidelidade de Cristo, o fiador da aliança (Hb 7:22).
Por fim, Hebreus destaca a consumação escatológica da Nova
Aliança, apontando para a segunda vinda de Cristo, quando a redenção será
plenamente realizada (Hb 9:28). Enquanto isso, os crentes vivem na tensão entre
o "já" e o "ainda não"—desfrutando dos benefícios da Nova
Aliança, mas aguardando a manifestação final do reino de Deus. A exortação a
perseverar na fé (Hb 10:19–25) surge como resposta natural a essa realidade: se
a antiga aliança exigia obediência sob pena de maldição, a Nova Aliança concede
o Espírito para que os eleitos permaneçam firmes até o fim.
Paulo finaliza sua carta explicitando – “Jesus, o Mediador
de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel”
Hebreus 12:24.
As alianças com os patriarcas e Moisés revelam um Deus que
age progressivamente na história, mantendo Sua fidelidade mesmo diante da
infidelidade humana. Desde a graça comum de Noé até a lei do Sinai, cada pacto
prepara o caminho para a plena revelação em Cristo, que cumpre e transcende
todas as alianças anteriores, unindo-as em Seu sacrifício definitivo .
Em síntese, Hebreus apresenta a Nova Aliança como o ápice da
revelação divina, superando as limitações dos pactos anteriores e estabelecendo
uma relação permanente entre Deus e seu povo. Cristo, como sacerdote,
sacrifício e mediador, é o centro dessa aliança, que não apenas cumpre as
promessas do Antigo Testamento, mas as eleva a uma dimensão eterna e celestial.
A Nova Aliança, portanto, não é uma mera atualização da antiga, mas uma
realidade qualitativamente superior, fundamentada na obra consumada de Cristo e
aplicada pelo Espírito Santo àqueles que creem.
Conclusão
A Aliança Eterna e suas renovações seguem o formato do contrato do casamento entre um homem e uma mulher. A imagística de Deus como Marido (Is 54:5; Os 2:16) e a Igreja sendo a esposa é muito explorada (Ef 5:32; Ap 19:7).
Assim como uma relação conjugal, o casamento não é desfeito por erros e falhas de nossa parte. Deus se mantem fiel, honra Sua parte e luta por se manter em relacionamento conosco. Deus é Fiel.
Ele diz nesse contexto - "Com amor eterno te amei. também com amável benignidade te atraí" Jr 31:3. A nossa parte nessa aliança, é dizer sim a Deus.
Diga agora, sim a Deus; aceite a Jesus Cristo, o Noivo, como o Salvador em sua vida.