eixo perdido da fé bíblica. Contudo a Reforma não concluiu seu curso e que novas verdades deveriam ser restauradas antes da volta de Cristo.
Ela declara:
“A Reforma não terminou, conforme muitos supõem. Ela deve ser continuada até o fim do tempo. […] Cada geração tem de agir sua parte na grande controvérsia.”
— O Grande Conflito, p. 148
Os Adventistas do Sétimo Dia, herdeiros dessa herança espiritual, compreendem que a Reforma prossegue, acrescentando dois princípios complementares que completam o quadro da verdade redescoberta:
(1) Somente o Criador
(2) Somente a Intercessão de Cristo.
Esses dois novos “solas” são o coração da Reforma Continuada, chamando o mundo à fidelidade à lei de Deus e à fé no ministério celestial do Salvador.
1. “Somente o Criador” — A adoração ao Deus Criador e a restauração do sábado
O princípio Soli Deo Gloria exaltava a glória exclusiva de Deus; porém, o apelo final do Apocalipse amplia esse conceito, conclamando à adoração “Daquele que fez o céu, e a terra, e o mar”(Apocalipse 14:7).
A verdadeira Reforma deve restaurar a adoração ao Criador e o memorial de Sua criação — o sábado:
“O sábado é o grande teste da lealdade, pois é o ponto especial de verdade que é posto em controvérsia. […] Ao observarem o sábado, os filhos de Deus distinguem-se como leais a Ele.”
— O Grande Conflito, p. 605
“No sábado, Deus deseja que se adore Aquele que é o Criador do céu e da Terra. […] O sábado será o grande ponto de controvérsia no conflito final entre a verdade e o erro.”
— Eventos Finais, p. 146
A obediência ao quarto mandamento, longe de ser legalismo, é um reconhecimento da soberania divina — “somente o Criador” é digno de adoração. Assim, a adoração ao Criador no sábado se torna o emblema do primeiro novo “Sola”.
Esse princípio também restaura a Lei de Deus, base do governo celestial.
“A lei de Deus é tão sagrada como o próprio Deus. […] É a expressão do Seu caráter.”
— O Grande Conflito, p. 434
Aqueles que continuam a Reforma devem, portanto, não apenas defender a Bíblia como única regra de fé, mas também viver segundo os princípios imutáveis da lei divina, incluindo o quarto mandamento.
Além disso, a adoração ao Criador implica reconhecer o corpo humano como templo de Deus. A reforma de saúde, ensinada por Ellen White, é parte inseparável desse princípio:
“A reforma de saúde é uma parte da grande obra que deve preparar um povo para a vinda do Senhor. […] A temperança em todas as coisas é essencial à santificação do espírito, da alma e do corpo.”
— Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 69
Portanto, “Somente o Criador” sintetiza três pilares da fé adventista e da Reforma continuada:
• A adoração ao Criador no sábado (Gn 2:1-3)
• A validade eterna da Lei de Deus (Mt 5:17)
• A reforma de saúde, como leis de saúde, que referenciam a criação divina do ser humano (Gn 1:29)
2. “Somente a Intercessão de Cristo” — O ministério celestial e o juízo investigativo
O princípio original Solus Christus proclamava que só Cristo é o mediador da salvação. A Reforma restaurada amplia esse conceito, mostrando que Cristo não apenas morreu por nós, mas também vive para interceder em nosso favor no santuário celestial.
É essa verdade central no adventismo; a mais importante e primeira revelação dada aos crentes reformadores do século XIX.
“Cristo entrou no próprio Céu, a fim de comparecer agora por nós na presença de Deus. […] Ele está ministrando no santuário celestial em nosso favor, apresentando o Seu sangue diante do Pai.”
— O Grande Conflito, p. 420
A doutrina do santuário celestial é a espinha dorsal do segundo novo “Sola”. Nela, Cristo é o único sacerdote e mediador entre Deus e o homem — uma reafirmação e expansão do Solus Christus.
“Assim como no serviço típico havia um juízo investigativo no fim do ano, assim antes da vinda de Cristo há um juízo investigativo no Céu. […] Ele é o Sumo Sacerdote que ministra diante de Deus em favor de Seu povo.”
— O Grande Conflito, p. 486-487
O juízo investigativo, iniciado em 1844, marca o início da fase final do ministério de Cristo. É a continuação lógica do princípio reformador: não somente Cristo salva, mas Ele purifica o santuário e vindica a justiça divina.
“Quando Cristo cessar Sua intercessão no santuário celestial, o destino de cada pessoa estará decidido.”
— O Grande Conflito, p. 490
Portanto, “Somente a Intercessão de Cristo” destaca:
• A crença em um santuário celestial literal (Hb 8:1,2)
• O ministério sacerdotal contínuo de Cristo (Hb 4:14-16)
• O juízo investigativo como parte do plano da salvação (Dn 7:9,10).
Assim, o adventismo não acrescenta uma nova mediação, mas expande a compreensão do único mediador — Cristo — em toda a plenitude de Seu ministério.
3. Os Sete Solas: a Reforma Restaurada
A Reforma Protestante levantou cinco princípios para libertar a fé cristã da tradição humana. A Reforma Adventista os conserva e os amplia, completando a restauração com sete princípios eternos:
Os Solas Clássicos
1. Sola Scriptura — Somente a Escritura
2. Sola Fide — Somente a Fé
3. Sola Gratia — Somente a Graça
4. Solus Christus — Somente Cristo
5. Soli Deo Gloria — Glória Somente a Deus
Os Solas Restaurados
6. Sola Creator — Somente o Criador
7. Sola Intercessio Christi — Somente a Intercessão de Cristo
Esses “Sete Solas” representam a plenitude da Reforma: a restauração da verdade bíblica em todos os seus aspectos — doutrinal, moral e profético.
Ellen White resume esse propósito profético:
“Nosso trabalho é levar adiante a Reforma. […] Devemos restaurar cada ponto de verdade que foi removido e preparar um povo para permanecer firme no grande dia de Deus.”
— Testemunhos para a Igreja, vol. 6, p. 17
Conclusão
A Reforma Protestante foi apenas o alvorecer da restauração. A luz continuou a brilhar, e sob o chamado de Deus, os adventistas do sétimo dia mantêm viva a tocha da verdade.
Os “Sete Solas” da Reforma continuada — culminando em “Somente o Criador” e “Somente a Intercessão de Cristo” — revelam a última fase da obra de Deus: a adoração verdadeira e a fé no ministério celestial de Cristo.
Assim, a Reforma não terminou com Lutero, mas atinge sua plenitude no movimento que honra a lei de Deus, o sábado do Criador e a intercessão de Cristo no santuário celestial — preparando a humanidade para o clímax da história: a volta do Redentor.
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