A CONTINUAÇÃO DA REFORMA PROTESTANTE


A Reforma Protestante do século XVI proclamou cinco grandes princípios — Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Solus Christus, Soli Deo Gloria. Esses fundamentos devolveram à cristandade o

 eixo perdido da fé bíblica. Contudo  a Reforma não concluiu seu curso e que novas verdades deveriam ser restauradas antes da volta de Cristo.

Ela declara:


“A Reforma não terminou, conforme muitos supõem. Ela deve ser continuada até o fim do tempo. […] Cada geração tem de agir sua parte na grande controvérsia.”

— O Grande Conflito, p. 148


Os Adventistas do Sétimo Dia, herdeiros dessa herança espiritual, compreendem que a Reforma prossegue, acrescentando dois princípios complementares que completam o quadro da verdade redescoberta:


(1) Somente o Criador

(2) Somente a Intercessão de Cristo.


Esses dois novos “solas” são o coração da Reforma Continuada, chamando o mundo à fidelidade à lei de Deus e à fé no ministério celestial do Salvador.


1. “Somente o Criador” — A adoração ao Deus Criador e a restauração do sábado


O princípio Soli Deo Gloria exaltava a glória exclusiva de Deus; porém, o apelo final do Apocalipse amplia esse conceito, conclamando à adoração “Daquele que fez o céu, e a terra, e o mar”(Apocalipse 14:7).

A verdadeira Reforma deve restaurar a adoração ao Criador e o memorial de Sua criação — o sábado:


“O sábado é o grande teste da lealdade, pois é o ponto especial de verdade que é posto em controvérsia. […] Ao observarem o sábado, os filhos de Deus distinguem-se como leais a Ele.”

— O Grande Conflito, p. 605


“No sábado, Deus deseja que se adore Aquele que é o Criador do céu e da Terra. […] O sábado será o grande ponto de controvérsia no conflito final entre a verdade e o erro.”

— Eventos Finais, p. 146


A obediência ao quarto mandamento, longe de ser legalismo, é um reconhecimento da soberania divina — “somente o Criador” é digno de adoração. Assim, a adoração ao Criador no sábado se torna o emblema do primeiro novo “Sola”.


Esse princípio também restaura a Lei de Deus, base do governo celestial.


“A lei de Deus é tão sagrada como o próprio Deus. […] É a expressão do Seu caráter.”

— O Grande Conflito, p. 434


Aqueles que continuam a Reforma devem, portanto, não apenas defender a Bíblia como única regra de fé, mas também viver segundo os princípios imutáveis da lei divina, incluindo o quarto mandamento.


Além disso, a adoração ao Criador implica reconhecer o corpo humano como templo de Deus. A reforma de saúde, ensinada por Ellen White, é parte inseparável desse princípio:


“A reforma de saúde é uma parte da grande obra que deve preparar um povo para a vinda do Senhor. […] A temperança em todas as coisas é essencial à santificação do espírito, da alma e do corpo.”

— Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 69


Portanto, “Somente o Criador” sintetiza três pilares da fé adventista e da Reforma continuada:

A adoração ao Criador no sábado (Gn 2:1-3)

A validade eterna da Lei de Deus (Mt 5:17)

A reforma de saúde, como leis de saúde, que referenciam a criação divina do ser humano (Gn 1:29)


2. “Somente a Intercessão de Cristo” — O ministério celestial e o juízo investigativo


O princípio original Solus Christus proclamava que só Cristo é o mediador da salvação. A Reforma restaurada amplia esse conceito, mostrando que Cristo não apenas morreu por nós, mas também vive para interceder em nosso favor no santuário celestial.


É essa verdade central no adventismo; a mais importante e primeira revelação dada aos crentes reformadores do século XIX.


“Cristo entrou no próprio Céu, a fim de comparecer agora por nós na presença de Deus. […] Ele está ministrando no santuário celestial em nosso favor, apresentando o Seu sangue diante do Pai.”

— O Grande Conflito, p. 420


A doutrina do santuário celestial é a espinha dorsal do segundo novo “Sola”. Nela, Cristo é o único sacerdote e mediador entre Deus e o homem — uma reafirmação e expansão do Solus Christus.


“Assim como no serviço típico havia um juízo investigativo no fim do ano, assim antes da vinda de Cristo há um juízo investigativo no Céu. […] Ele é o Sumo Sacerdote que ministra diante de Deus em favor de Seu povo.”

— O Grande Conflito, p. 486-487


juízo investigativo, iniciado em 1844, marca o início da fase final do ministério de Cristo. É a continuação lógica do princípio reformador: não somente Cristo salva, mas Ele purifica o santuário e vindica a justiça divina.


“Quando Cristo cessar Sua intercessão no santuário celestial, o destino de cada pessoa estará decidido.”

— O Grande Conflito, p. 490


Portanto, “Somente a Intercessão de Cristo” destaca:

A crença em um santuário celestial literal (Hb 8:1,2)

ministério sacerdotal contínuo de Cristo (Hb 4:14-16)

juízo investigativo como parte do plano da salvação (Dn 7:9,10).


Assim, o adventismo não acrescenta uma nova mediação, mas expande a compreensão do único mediador — Cristo — em toda a plenitude de Seu ministério.


3. Os Sete Solas: a Reforma Restaurada


A Reforma Protestante levantou cinco princípios para libertar a fé cristã da tradição humana. A Reforma Adventista os conserva e os amplia, completando a restauração com sete princípios eternos:


Os Solas Clássicos

1. Sola Scriptura — Somente a Escritura

2. Sola Fide — Somente a Fé

3. Sola Gratia — Somente a Graça

4. Solus Christus — Somente Cristo

5. Soli Deo Gloria — Glória Somente a Deus

Os Solas Restaurados

6. Sola Creator — Somente o Criador

7. Sola Intercessio Christi — Somente a Intercessão de Cristo


Esses “Sete Solas” representam a plenitude da Reforma: a restauração da verdade bíblica em todos os seus aspectos — doutrinal, moral e profético.

Ellen White resume esse propósito profético:


“Nosso trabalho é levar adiante a Reforma. […] Devemos restaurar cada ponto de verdade que foi removido e preparar um povo para permanecer firme no grande dia de Deus.”

— Testemunhos para a Igreja, vol. 6, p. 17


Conclusão


A Reforma Protestante foi apenas o alvorecer da restauração. A luz continuou a brilhar, e sob o chamado de Deus, os adventistas do sétimo dia mantêm viva a tocha da verdade.

Os “Sete Solas” da Reforma continuada — culminando em “Somente o Criador” e “Somente a Intercessão de Cristo” — revelam a última fase da obra de Deus: a adoração verdadeira e a fé no ministério celestial de Cristo.


Assim, a Reforma não terminou com Lutero, mas atinge sua plenitude no movimento que honra a lei de Deus, o sábado do Criador e a intercessão de Cristo no santuário celestial — preparando a humanidade para o clímax da história: a volta do Redentor.


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Os Adventistas do Sétimo Dia como Herdeiros da Reforma

A Reforma Protestante do século XVI não foi um evento isolado, mas o início de uma obra divina destinada a restaurar gradualmente a verdade bíblica. O mesmo espírito de reforma que moveu Lutero e os primeiros reformadores deveria continuar até o fim dos tempos. Para ela, o protestantismo moderno se afastou de seus fundamentos, e o manto da reforma passou para um povo que mantém viva a bandeira da verdade: os adventistas do sétimo dia.


1. A necessidade de continuar a Reforma


Embora os reformadores tenham restaurado verdades fundamentais, sua obra não foi completa:


“Há em nosso tempo um vasto afastamento das doutrinas e preceitos bíblicos, e há necessidade de uma volta ao grande princípio protestante — a Bíblia, e a Bíblia só, como regra de fé e prática. […] A mesma inseparável adesão à Palavra de Deus que se manifestou na crise da Reforma, é a única esperança de reforma hoje.”

— O Grande Conflito, p. 205 


A verdadeira Reforma deve prosseguir até que todas as verdades bíblicas sejam restauradas. O protestantismo, ao buscar o favor do mundo, “distanciou-se daquele dos dias da Reforma” (O Grande Conflito, p. 499 ). Assim, a responsabilidade de continuar a obra reformadora recai sobre um povo que mantém o princípio da sola Scriptura e a fidelidade aos mandamentos de Deus.


2. O afastamento do protestantismo moderno


O protestantismo moderno perdeu o espírito de busca às verdades que oos reformadores iniciaram:


“O protestantismo moderno muito se distancia daquele dos dias da Reforma. […] Em vez de permanecerem em defesa da fé que uma vez foi entregue aos santos, estão hoje […] justificando Roma.”

— O Grande Conflito, p. 499 


Esse afastamento é como um sinal de apostasia e alerta que o “professo mundo protestante formará uma confederação com o homem do pecado” (Testemunhos para a Igreja, vol. 5, p. 368 ). Assim, o verdadeiro espírito da Reforma — a fidelidade à Palavra e à consciência — não se encontra mais no protestantismo popular, mas em um remanescente que permanece fiel à lei de Deus.


3. O povo adventista como sucessor da Reforma


O movimento adventista não é mais uma igreja, mas a continuação da Reforma inacabada:


“O nome Adventista do Sétimo Dia é uma contínua exprobração ao mundo protestante. […] É o nome que o Senhor nos deu. Esse nome indica a verdade que deve ser o teste das igrejas.”

— Testemunhos para a Igreja, vol. 1, p. 223-224 


Ao guardar todos os mandamentos de Deus e proclamar as mensagens dos três anjos (Apocalipse 14), os adventistas se colocam no ponto culminante do movimento reformador, chamando o mundo cristão de volta à obediência total à Palavra.


4. O princípio protestante da liberdade de consciência


Os reformadores protestaram contra toda imposição religiosa e defenderam o direito de adorar conforme a consciência. Devemos recordar o protesto de Espira (1529) como o ápice dessa luta:


“A coragem, fé e firmeza daqueles homens de Deus alcançaram para os séculos que se seguiram a liberdade de pensamento e consciência. […] Os princípios são a própria essência do protestantismo.”

— O Grande Conflito, p. 197 


A crise final girará novamente em torno desse mesmo princípio — a obediência a Deus em oposição às exigências humanas (Eventos Finais, p. 147-148 ). Portanto, o movimento adventista revive os ideais centrais da Reforma: a supremacia das Escrituras e a liberdade religiosa.


5. O clímax da Reforma e a restauração final da verdade


A Reforma que começou com Lutero culminará com a proclamação da última mensagem de advertência ao mundo.


“O protestantismo dará a mão da comunhão ao poder romano. […] No próprio ato de impor um dever religioso por meio do poder secular, formariam as igrejas mesmas uma imagem à besta.”

— O Grande Conflito, p. 615-616 


A missão adventista, ao denunciar essa união e exaltar o sábado bíblico, representa o último ato da Reforma — a restauração plena da verdade e da adoração genuína.


Conclusão


A Reforma Protestante não terminou com Lutero, Zwínglio ou Calvino. Ellen G. White mostra que a obra de restauração da verdade avança até o tempo do fim, quando o remanescente de Deus — identificado como os adventistas do sétimo dia — ergue novamente a bandeira da Reforma com a proclamação: “Temei a Deus e dai-lhe glória, porque é chegada a hora do seu juízo.” (Apocalipse 14:7).


Assim, longe de ser uma nova igreja, o movimento adventista é a continuação e o clímax da Reforma Protestante, chamado por Deus para restaurar a verdade completa e preparar o mundo para a volta de Cristo.


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