Nas 4 listas de dons espirituais do Novo Testamento (Rom.12:6-8;
1Cor.12:8-11; 1Cor.12:28; Efe.4:11) o dom de línguas estranhas aparece somente
na igreja de Corinto, e associado ao dom de interpretar línguas (1Cor.12:10up).
Isso indica que o dom de línguas estranhas (não inteligíveis)
era um fenômeno espiritual dos crentes de corinto, que vinham de experiências
espirituais do culto pagão. Os coríntios na sua maioria vinham do paganismo e
foram convertidos ao cristianismo.
No capítulo 14 da primeira carta aos coríntios, Paulo
desenvolve a compreensão desse dom. Apesar das duas listas de dons espirituais possuírem
17 dons ao todo (12:8-11 são 9 dons; 12:28 são 8 dons) Paulo dedica um capítulo
inteiro para desconstruir a compreensão daqueles crentes recém conversos, no
dom de línguas estranhas, e incentivar a eles o uso de dons superiores (14:39).
A Desconstrução
O apóstolo Paulo começa o capítulo 14 fazendo um contraste
entre o dom de línguas e o dom de profetizar (vs2,3). E a ênfase de Paulo é o
uso de uma palavra repetida por 6x no capítulo – “edificar”. O argumento é que
o dom de línguas não edifica a igreja.
-v2 “ninguém o
entende porque fala em mistérios”
-v4 “o que fala
em língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza, edifica a igreja”
-v5 “quem
profetiza é é superior ao que fala em outras línguas”
-v5up “para que
a igreja recebe edificação”
-v9 “se com a língua
não falarem palavra compreensível, como se entenderá?”
-v12up “procure
progredir para a edificação da igreja”
-v13 “o que
fala em outra língua deve orar para que possa interpretar”
-v17 “tu, de
fato (fala em outra língua) mas o outro não é edificado”
-v19 “prefiro
falar na igreja cinco palavras com entendimento”
-v19up “do que
falar dez mil palavras em outra língua”
A Ordem do Culto
Nos vs26-33 Paulo organiza o culto naquela igreja pois havia
“confusão”. E o apóstolo afirma que “Deus não é de confusão” v33.
A ordem do apóstolo é “Seja tudo feito para edificação”
v26up.
E para evitar a confusão, Paulo, dá duas orientações
fundamentais voltado para os que usavam de línguas estranhas:
1)
“no caso de alguém falar em outra língua, que
não seja mais de dois ou quando muito três e isso sucessivamente” v27pp
2)
“e haja quem interprete” v27up
3)
“não havendo interprete, fique calado na igreja”
v28
Com essas três regras Paulo, inibe o uso desse dom, e deixa
ele vinculado à necessidade de se interpretar o que a pessoa está dizendo.
Paulo ainda coloca ordem no culto. Portanto é uma regra
bíblica, que se a pessoa for falar em línguas estranhas, cada um deve falar por
vez; e no máximo três pessoas devem falar. E mesmo assim se não houver intérprete,
eles devem ficar calados.
Ou seja, os cultos onde há várias falando em línguas ao
mesmo tempo, em uma confusão de vozes, isso é anti-bíblico, é confusão, e Deus
na se agrada. Paulo é enfático – “Deus não é de confusão” v33.
O v40 finaliza a exortação apostólica dizendo – “Tudo seja
feito com decência e ordem”.
As igrejas que não seguem essas orientações, não estão de
acordo com a Palavra de Deus e se encaixam na “confusão”, desonrando o Nome de
Jesus Cristo.